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Transporte: Agronegócio começa a contabilizar prejuízos
08/06/2018
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O setor agropecuário começa a fazer as contas dos prejuízos que a tabela de preços mínimos para o frete pode trazer às suas atividades. Mesmo que a Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) tenha publicado uma nova resolução ontem, com redução que, segundo o ministro dos Transportes, Valter Casimiro, chega à média de 20%, persistem dúvidas e o temor, entre os produtores, de que o custo do transporte fique acima do consideram razoável pagar.
Ainda sem esmiuçar a nova tabela, o presidente da Associação dos Produtores de Soja do Rio Grande do Sul, Luis Fernando Fucks, aponta que, na Região Noroeste do Estado, a uma distância de 600 a 650 quilômetros do Porto de Rio Grande, o preço do frete por tonelada saltou de R$ 85 para cerca de R$ 130, o que representa uma diferença de R$ 2,70 por saca de 60 quilos de soja. Diante disso, destaca Fucks, as operações no setor estão paradas, inclusive no mercado futuro. “Ninguém sabe como entregar as cargas contratadas. Trades e corretoras não querem bancar a diferença no frete e o produtor também não aceita perder”, constata.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) calcula um impacto de 63% nos custos da suinocultura e da avicultura. Valdecir Folador, presidente da Associação de Criadores de Suínos (Acsurs), diz não ter levantamento das perdas dos suinocultores gaúchos, mas prevê que quem vai pagar a conta final será o consumidor. “O prejuízo, no início, está sendo do agricultor, mas vai chegar em cada brasileiro, pois todos precisam se alimentar, inclusive os caminhoneiros, que vão ganhar por uma mão para perder pela outra”, acentua.
O presidente da Associação Gaúcha da Avicultura, Nestor Freiberger, confirma que as granjas vêm evitando a contratação de fretes. “Estamos no meio de uma grande confusão”, pontua. Freiberger entende que a tabela interfere nas normas de livre mercado. “Eu também gostaria que o preço mínimo do quilo do frango fosse tabelado em R$ 15, mas o mercado não aceitaria”, compara.
O economista-chefe do Sistema Farsul, Antônio Da Luz, acha difícil saber quem vai perder mais, mas ressalta que a tabela, por incidir em cheio sobre os custos, já paralisou o mercado do arroz, da soja e do trigo. “A tabela é desconexa da realidade”, analisa.
Ontem, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil encaminhou ofício ao presidente Michel Temer pedindo a suspensão da aplicação da tabela. De acordo com a entidade, os custos de frete dos produtos agropecuários podem subir de 51% a 152%, considerando-se apenas o transporte de grãos.
Fonte: Correio do Povo
Créditos da Imagem: Banco de Imagens ASGAV