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Tarifa zerada na importação do milho é importante, mas restrita
21/04/2021

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Tarifa zerada na importação do milho é importante, mas restrita

Pode parecer estranho, mas a isenção da tarifa de importação para milho, soja, óleo e farelo de países de fora do Mercosul é, ao mesmo tempo, importante e restrita. Essa é a avaliação que se faz neste momento da medida anunciada pela Câmara de Comércio Exterior (Camex) e que atende à demanda das indústrias de proteína animal. Tendo de lidar com uma escalada de custos inflada pela valorização dos grãos, o setor busca opções para equilíbrio dos gastos.

E é aí que entra o paradoxo. O artifício, que já havia sido adotado no final do ano passado, é considerado relevante pelo que representa.

- É um passo inicial, que dá uma noção de que o governo está enxergando a dificuldade do setor - observa José Eduardo dos Santos, presidente-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav).

Por outro lado, o dirigente avalia ser esse um passo tímido, porque hoje a maior parte das importações de milho é de países do Mercosul, já isenta de taxa. O que faz sentido. Em 2020, as compras feitas pelo Brasil tiveram o Paraguai como fornecedor maciço - respondeu por 92% do volume total de 1,37 milhão de toneladas adquiridas em 2020, apontam dados do Ministério da Economia. Os EUA, beneficiados pela isenção, responderam por apenas 0,04% do importado.

Há ainda o fator preço. Como commodities, soja e milho têm cotações balizadas globalmente - e o momento é de demanda aquecida e preços firmes. Consultor em agronegócios, Carlos Cogo calcula que, com a isenção, a saca de milho dos EUA fica em R$ 109,41 (com dólar a R$ 5,55). A da Argentina, em R$ 97,54. E, do Brasil, R$ 98.

- No ano passado, quando o mercado fez a conta e viu que o valor de importação era maior, isso virou estímulo para mudar de patamar (a cotação do grão no mercado interno). Ter anunciado a isenção abriu espaço para botar a régua até onde o importado chegaria - avalia o consultor, em um cenário que pode se repetir.

Cesario Ramalho, presidente institucional da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), diz que a isenção à importação é natural:

- Se tenho mercado livre para exportar, tenho de esperar que eventualmente importem.

Ele acrescenta que a demanda interna cresceu em ritmo superior à da colheita e entende que o governo deve fazer políticas públicas de estímulo à produção do grão.

Fonte: Zero Hora
Créditos da Imagem: Banco de Imagens ASG