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Soja: mercado fecha semana em queda no Brasil com recuo do dólar e na Bolsa de Chicago
05/09/2016

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Os últimos dias desta semana e os primeiros do mês de agosto foram de altas para os preços da soja praticados na Bolsa de Chicago. Ainda assim, esses ganhos foram insuficientes para superar as baixas dos últimos dias e, por isso, o mercado internacional da oleaginosa fechou o balanço em campo negativo. As posições mais negociadas perderam, na semana, entre 1,24% e 2,25%, para que o setembro encerrasse os negócios com US$ 9,68 e o novembro/16, referência para a nova safra americana, a US$ 9,52 por bushel.

Segundo explica o analista de mercado da Société Genéralé Stefan Tomkiw, durante as últimas sessões, os futuros da soja na CBOT testaram, por duas vezes, as mínimas da semana, mas conseguiram alguns ajustes positivos nesta sexta-feira (2). Entretanto, afirma que ainda é cedo para falar em uma mudança de direção definitiva para as cotações neste momento, uma vez que a pressão da grande produção americana que vem sendo esperada continua.

No mesmo período, o dólar acumulou uma baixa de 0,57% e terminou com R$ 3,2534 a sessão desta sexta e o foco, nos últimos pregões, não tem se desviado das incertezas todas que o quadro político do Brasil ainda vem inspirando, agravado com a confirmação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na última quarta-feira (31). Ao lado, a economia dos EUA também exige atenção, bem como o futuro de sua taxa de juros.

"O (cenário) político neste momento está mais incerto do que o mercado esperava quando imaginava como seria o pós-impeachment. Isso compensou um pouco o efeito do relatório de emprego dos Estados Unidos", disse o operador da corretora B&T Marcos Trabbold em entrevista à agência de notícias Reuters.

Nesse quadro, o fechamento semanal para os preços da soja no Brasil não poderia ser diferente. Mais uma vez, as referências recuaram na maior parte das principais praças de comercialização e portos de exportação do país. O recuo chegou a alcançar os 9,31%, que é o caso de Barretos, em São Paulo, onde o valor da oleaginosa caiu de R$ 78,64 para R$ 71,32 por saca.

Com isso, as praças com preços acima dos R$ 75,00 já se mostram mais escassas neste momento e, em algumas delas, como no Oeste da Bahia vão a R$ 63,67 ou e, Jataí, no Goiás, com R$ 65,50 por saca, registrando perdas de, respectivamente, 2,05% e 0,77%. No porto de Paranaguá, a soja disponível perdeu 2,44% e em Rio Grande, 1,88%, para fecharem a semana com R$ 80,00 e R$ 78,50. Já no mercado futuro, estabilidade nos R$ 78,00 e baixa de 1,90% para R$ 77,50.

Apesar dessas baixas - resultado da combinação entre preços mais baixos em Chicago e mais uma semana de recuo do dólar - para o consultor de mercado Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios, o produtor brasileiro ainda poderá encontrar bons momentos de comercialização mais adiante.

"O produtor brasileiro ainda vai ter muitas oportunidades" daqui em diante, e será preciso acompanhar, principalmente a fase da colheita da soja nos EUA e a confirmação da robustez da nova safra daquele país. E, por isso, as condições de clima no Corn Belt também exigem atenção. Na sequência, olhos voltados para a América do Sul. Esse cenário vai trazer volatilidade, e a volatilidade, oportunidade", acredita o consultor.

Oferta x Demanda

No mercado internacional, a máxima da disputa por espaço nos negócios entre a oferta e demanda continua valendo. Analistas explicam que as dúvidas sobre o potencial da nova safra americana começam a ficar cada vez menores, porém, o mercado já teria precificado toda essa oferta que está prestes a chegar dos EUA e busca agora encontrar um equilíbrio neste cenário, que ainda esbarra nas informações de forte demanda, as quais têm sido expressivas e constantes nas últimas semanas.

Entretanto, afirmam ainda que os traders aguardam com ansiedade os novos boletins mensais de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) para conferir quais serão os novos índices de produtividade da soja e, principalmente, do milho estimados e se haverá ou não mudanças nos números de área de cultivo no país. Essas mudanças, ainda segundo analistas internacionais, poderiam ficar mais evidentes no reporte de outubro.

Os últimos números de vendas semanais reportados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) indicam que os programas de exportações tanto da temporada 2015/16 quanto da 2016/17 estão com dados fortes, confirmando essa demanda e a China ainda como mais forte e importante player deste mercado, como explica Vlamir Brandalizze.

"O USDA mostra o acumulado até agora, da safra 2015/16, com 53.070,5 milhões de toneladas, frente as 50.566,2 milhões do mesmo período do ano passado. Agora está com 103,7% das projeções do USDA do mês de agosto, de 51,170 milhões. Enquanto isso, para a safra nova o USDA mostra um acumulado de 14.053,6 milhões de toneladas, frente as 11.496,9 milhões do mesmo período do ano passado", relata o consultor de mercado da Brandalizze Consulting.

Fonte: Notícias Agrícolas - Carla Mendes