Asgav Notícias

Segunda safra de milho eleva pressão sobre preços do grão
03/07/2017

voltar
Segunda safra de milho eleva pressão sobre preços do grão

Com o avanço da colheita da segunda safra de milho no país, aumenta a pressão sobre os preços do grão. Nesse período, a queda costuma se acentuar. E, neste ano, ganhou ingredientes que podem reforçar a desvalorização. O primeiro é o volume produzido, que será recorde. Projeções indicam produção brasileira de 94,3 milhões de toneladas (somadas primeira e segunda safra), quantia 47% superior à do ano passado.

O consumo interno é estimado em 56 milhões de toneladas. Com os estoques, o Brasil terá excedente de 47 milhões de toneladas.

O problema é que as exportações estão em baixa. De janeiro a junho deste ano, foram 3,7 milhões de toneladas, queda de 70% na comparação com igual período do ano passado.

– Sem exportar, não tem como melhorar o preço – afirma Carlos Cogo, consultor em agronegócio.

E por que estamos vendendo pouco se os preços hoje estão alinhados à paridade de exportação? Segundo Cogo, a concorrência no mercado internacional está muito forte. Além dos Estados Unidos, a Argentina tem registrado excelente desempenho: foram 13,5 milhões de toneladas de janeiro a junho.

Para completar, há o fator armazenagem. A falta de estruturas para guardar o grão obriga produtores a negociar ou então adotar medidas drásticas, como colocar o milho a céu aberto, situação que pode ser verificada em localidades do Brasil Central.

Se na ponta do lápis a conta indica que houve desvalorização de 38% no preço médio do milho no Rio Grande do Sul do ano passado para cá, na hora da análise é preciso considerar que o valor fora da curva é o de 2016, não o deste ano, entende Cogo. A média parcial de 2017 é de R$ 26,70 a saca. Em 2015, fechou em R$ 26,62. Para o consultor, o lado negativo do recuo de preço é a renda do produtor.

O positivo, para o setor de carnes, que no ano passado amargou prejuízos com o alto custo do grão.

– Na verdade, o milho não baixou, apenas voltou à normalidade. O negócio tem de ser bom para as duas partes.

No ano passado, estava bom só para o produtor – avalia Nestor Freiberger, presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav).

Fonte: Zero Hora
Créditos da Imagem: Fernando Gomes / Agencia RBS