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RS tem no milho grande ponto de atenção, mas setor de aves deve crescer, destaca Asgav
18/03/2021

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RS tem no milho grande ponto de atenção, mas setor de aves deve crescer, destaca Asgav

Atualmente o Rio Grande do Sul é o terceiro maior produtor e exportador de carne de frango do Brasil. O título não vem à toa. O Estado vem trabalhando forte na produção agropecuária. Mesmo com todos os percalços que 2020 trouxe, o Estado contou com bons resultados. Além do mais, as perspectivas para 2021 são que os números avancem e os ganhos da cadeia produtiva gaúcha sejam ainda melhores.

Segundo o presidente executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV/SIPARGS), Eduardo Santos, o Rio Grande do Sul conseguiu chegar ao final do ano de 2020 com um pequeno índice de crescimento, tanto nas exportações quanto na produção. “Porém, nós tivemos que rever o nosso índice de produção de frango de corte em detrimento a todo o distúrbio que nós tivemos no mercado em relação aos grãos, principais insumos para ração das aves, que é o milho e o farelos de soja”, explica.

Distúrbio esse que foi sentido em todo o Brasil, com o preço da soja e do milho chegando a patamares nunca vistos. “Tivemos uma excepcionalidade no mercado de grãos e isso impactou drasticamente todo o setor, porque quase 70% dos custos de produção de frango e ovos é a ração. Então nós prevíamos um crescimento nos abates em torno de 2 a 3%, mas devemos fechar com no máximo 1% de crescimento, fechando o ano em torno de 825 milhões de aves abatidas no Rio Grande do Sul”, conta.

Santos comenta que o Estado manteve a posição de terceiro maior produtor e, com isso, pode reduzir um pouco a expectativa de crescimento em detrimento de todas as dificuldades que apareceram, além do aumento dos grãos, como os acontecimentos por conta da pandemia, que fechou importantes nichos consumidores, como restaurantes, hotéis, eventos, etc. “Tudo isso impactou no fluxo comercial e de consumo dos nossos produtos”, diz.

E a pandemia mexeu com o mercado. Santos lembra do início do ano o que ela fez com o consumo de ovos. “Houve uma situação confusa, turbulenta. Na segunda quinzena de março, início de abril, houve uma procura desenfreada por ovos no mercado. Chegou a faltar nas prateleiras, porque a população se assustou, não tinha ainda muita noção de quais seriam os desdobramentos e os impactos da pandemia. Então quando se cogitou algum tipo de problema de abastecimento a população foi em busca de alguns alimentos versáteis, que desse alimento a pessoa pudesse preparar muitos outros. Assim, o ovo foi um alvo ali, e isso afetou no início, porque ele tem uma logística diferente da carne e como a busca pela proteína foi muita em pouco espaço de tempo houve o desabastecimento”, recorda. Essa alta demanda fez com que o preço dos ovos aumentassem consideravelmente. “Depois que a situação regularizou deu uma queda súbita e o preço despencou”, conta.

Estes foram somente alguns dos acontecimentos de 2020. Santos comenta que além do desabastecimento de ovos, houve ainda problemas com falta de embalagem e caixas de papelão. “Tudo isso mudou a rotina do nosso setor avícola, tanto de postura, de produção de ovos, quanto de frango de corte”, afirma.

Mercado e a luz no fim do túnel

Quanto as exportações do Rio Grande do Sul vem de um crescente, explica Santos. “Para carne de frango devemos fechar o ano de 2020 em torno de 670 mil toneladas, com um crescimento na casa de 1 a 1,2%. Isso significa também a recuperação que nós vínhamos tendo nas exportações de aves em 2019”, menciona. Ele explica que o Estado teve problemas de embargos de algumas plantas frigoríficas em relação a União Europeia e ainda alguns problemas pontuais com a Arábia Saudita. “Dois mil e dezenove foi um ano que saímos com 400 mil toneladas. Então, em 2020 nós recuperamos boa parte disso, houve uma evolução na exportação e devemos fechar o ano em torno de 670 a 675 mil toneladas até voltarmos aos patamares normais que nós vínhamos tendo nos últimos anos – até 2018 – que é em torno de 730 mil toneladas por ano”, explica.

Dessa forma, o presidente da ASGAV diz que a expectativa é de evolução para o setor. “Mas nós precisamos cadenciar e agora acompanhar em 2021 os desdobramentos das ações que vão buscar soluções para a pandemia. Isso porque os efeitos da pandemia, tanto no que se refere a questões de mercado e fluxo de produção, quanto de todo o pânico da população e o fechamento de nicho. Há também o desdobramento econômicos, com o fim do auxílio emergencial, que deu um oxigênio na população e automaticamente nas empresas também”, avalia. Santos comenta que agora então a expectativa é que o ano apresente outro cenário, especialmente com o início da vacinação no Brasil contra a covid-19. “A tendência agora com a vacinação é desatar esses nós, esses distúrbios que geram especulação tanto para os grãos, quanto para insumos e outros serviços, e assim dar condições para o mercado se estabilizar”, afirma.

Para o diretor executivo da Asgav, com a efetivação da vacinação no Brasil é possível ver uma luz no fim do túnel. “Isso poderá garantir ao Brasil e ao Rio Grande do Sul que nós ampliemos a nossa participação inclusive no mercado externo, porque nós temos lá fora muitos países com incidência de influenza aviária e a população demanda de alimento em larga escala, que nós produzimos aqui”, diz.

É preciso estabilizar o mercado de grãos

Um grande gargalo que será preciso estabilizar, de acordo com Santos, é quanto a questão dos grãos. “O milho chegou a quase R$ 100 e a soja a R$ 2,5 mil a tonelada. É preciso manter a margem de estabilidade do produtor de grãos e trabalhar ao mesmo tempo nas alternativas que nós estamos colocando nas nossas agendas para não termos mais esses distúrbios, inclusive com efeito de estiagem que nós tivemos aqui no Rio Grande do Sul em 2019 e 2020”, conta.

Para tentar resolver essa situação, o dirigente explica que existe uma conversa com a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) e com a associação em Santa Catarina para começar a trabalhar culturas alternativas, para que os Estados não tenham essa oscilação tão drástica nos suprimentos de grãos para os setores consumidores, como o trigo e a triticale. “Essas culturas de inverno nós vamos começar a plantar e por cada vez mais na nossa agenda para ter esse suprimento”, conta. Ao longo prazo, Santos informa que o setor está apoiando totalmente um projeto que ajuda a desenvolver junto com a ABPA e a Esalq de logística de escoamento de grãos do Centro-Oeste através de vias ferroviária para os Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Mesmo com projetos à vista, o Rio Grande do Sul ainda é um Estado deficitário quando o assunto é abastecimento. Mesmo assim, Santos acredita que não haverá falta de grãos. “Ao longo dos anos nós temos sempre que importar 1,5 a 2 milhões de toneladas. Esse ano a quantia deve subir para 3 milhões de toneladas de acordo com as estimativas de safra. Mas nós sabemos que o Brasil, e isso é uma informação dada pela própria ministra da Agricultura (Tereza Cristina), tem um estoque de mais de 9 milhões de toneladas de grãos e esse ano, segundo a Conab, teremos uma safra recorde novamente. Então, a não ser que haja má vontade política de gestão ou falta de planejamento, pode haver sim desabastecimento. Mas eu acredito que não, porque há interesse dos governos de Estados e federal de garantir toda a produtividade dos setores de aves e suínos na região Sul e alguns mecanismos para apoiar a logística de abastecimento e até importação de grão se for necessário vão ser colocados à disposição do setor para garantir que possamos atravessar o momento crítico”, afirma.

Para o presidente da ASGAV, se o setor tiver o apoio governamental que auxilie os Estados na obtenção de grãos, seja levando de um Estado para outro ou importando, o setor garante a sua parte com a geração de empregos, alimento para a população, entre outros.

Para este ano, Santos afirma que as expectativas são boas. “Se nós continuarmos nessa linha de buscarmos soluções para esses problemas que geraram todos esses distúrbios para desmobilizar os mecanismos de especulação e voltar o fluxo comercial e as atividades voltarem ao normal, é este o resultado que nós esperamos”, diz.

Fonte: O Presente Rural
Créditos da Imagem: Divulgação/Giuliano Miranda