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RS intensifica ações para detecção precoce da gripe aviária após casos no Espírito Santo
18/05/2023

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RS intensifica ações para detecção precoce da gripe aviária após casos no Espírito Santo

Identificação da enfermidade em aves silvestres redobra atenção especialmente nos três Estados do sul do país, onde está concentrada 70% da avicultura comercial brasileira

A identificação de três casos de influenza aviária em aves silvestres no Espírito Santo no início da semana intensificou o alerta para a proximidade da doença aos planteis comerciais. Os casos são as primeiras ocorrências da enfermidade em solo brasileiro depois de registros em países vizinhos, como Argentina e Uruguai. E a atenção redobrada cabe especialmente ao Rio Grande do Sul, já que 70% da avicultura comercial brasileira está concentrada nos três Estados da Região Sul.

Em conversa com a imprensa na manhã desta quarta-feira (17), a equipe de vigilância do Estado detalhou as ações que já vêm sendo realizadas, principalmente nas regiões de fronteira.

O secretário da Agricultura, Giovani Feltes, se diz seguro em relação às medidas que vem sendo adotadas pelo serviço de vigilância. Mas ressalta que a preocupação é grande em relação ao perigo que a influenza aviária representa. O titular da pasta reforçou que os quadros técnicos estão preparados para evitar que o Rio Grande do Sul tenha planteis afetados, sobretudo do ponto de visto econômico.

Os casos identificados no Brasil foram registrados em aves de vida livre, ou seja, fora dos aviários comerciais. Mas exigem atenção pela facilidade de transmissão do vírus entre os animais, já que se tratam de registros de alta patogenicidade, que nunca foram identificados em solo gaúcho. Além disso, há rotas de aves migratórias que passam pelo Rio Grande do Sul, e o Estado se aproxima da época de receber animais que vêm do Hemisfério Sul. Além dos casos na América do Sul, a doença já foi identificada em regiões da América do Norte e na América Central.

Rosane Collares, chefe do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Secretaria Estadual da Agricultura, explica que o órgão está incrementando as atividades que são de rotina da vigilância desde que os primeiros casos em países vizinhos foram relatados. Três equipes de trabalho estão responsáveis por suplementar as atividades.

Nenhum caso foi confirmado desde que os trabalhos foram reforçados. Até terça-feira (16), o departamento havia executado mais de 2,1 mil ações de vigilância ativa, com mais de 1,72 milhão de aves observadas. Também há reforço de tecnologia. O Rio Grande do Sul é o primeiro Estado a usar drones para monitorar áreas de difícil acesso. Os locais sem possibilidade de aproximação por terra contam com auxílio de embarcações da Marinha.

Apesar dos reforços empenhados, os órgãos de defesa sabem que não há como bloquear a entrada do vírus. Por isso, a chefe do departamento reitera a importância da detecção precoce de casos suspeitos para que se possa agir rapidamente em caso de ocorrência.

— Impedir a entrada é impossível. Mas a detecção precoce é atribuição nossa e é nisso que nos focamos. Para que, na eventualidade de um animal enfermo entrar no Estado, nós tenhamos uma detecção precoce e ação mais rápido ainda — diz Rosane.

Impactos econômicos
A necessidade do olhar atento para a proximidade da doença se dá pela importância da avicultura para a economia do Rio Grande do Sul. As aves estão presentes em 239 mil estabelecimentos gaúchos, ou em mais de 50% das propriedades agropecuárias do Estado.

O Estado é o terceiro maior produtor de frango de corte do Brasil, o terceiro maior exportador de ovos, e o maior exportador de carne de peru, segundo os dados apresentados pela Secretaria da Agricultura.

São 820 milhões de abates de aves ao ano no Rio Grande do Sul. Com isso, a produção do Estado chega a 1,7 milhões de toneladas de carne de frango e a 3,5 bilhões de ovos por ano.

Presente no encontro, o presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos, disse que ainda é cedo para falar de impactos econômicos, mas destacou que as condições de redirecionamento da produção e de readequação do processo estão no radar, se houver necessidade.

Um estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV), citado pelo Sindicato dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários, estima perda direta anual de R$ 7,3 bilhões em exportações do agronegócio em um cenário de ocorrência de gripe aviária no Brasil. O quadro ocasionaria perda indireta de R$ 6,1 bilhões em outros setores da economia, totalizando R$ 13,5 bilhões em perdas diretas e indiretas.

O Brasil é o maior exportador mundial de frango, com uma fatia de quase 35% do mercado global. A indústria de frango se concentra nos três Estados do Sul, que respondem por 80% das exportações.

A ocorrência em aves silvestres não altera a condição sanitária do Brasil, portanto não há nenhuma mudança em relação a mercado neste momento. Somente haverá impacto se a doença entrar na avicultura industrial, reforça Ananda Paula Kowalski, coordenadora do Programa Estadual de Sanidade Avícola. No entanto, é importante destacar que a ocorrência em qualquer Estado altera o status para o Brasil como um todo.

 

 

 

 

 

Cronologia das ocorrências de influenza aviária na América do Sul

  • 19/10/22 — Colômbia — aves silvestres e domésticas
  • 17/11/22 — Peru — aves silvestres e domésticas
  • 28/11/22 — Equador — aves de produção
  • 02/12/22 — Venezuela — aves silvestres
  • 9/12/22 — Chile — aves silvestres
  • 27/01/23 — Bolívia — aves de produção
  • 14/02/23 — Uruguai — aves silvestres
  • 15/02/23 — Argentina — aves silvestres e de produção
  • 15/05/23 — Brasil — aves silvestres

A doença

  • A gripe aviária é uma doença causada pelo vírus da Influenza A
  • Altamente contagiosa, contamina aves e pode ser transmitido para pessoas, mas os casos são esporádicos
  • Nas aves, os sintomas são tosse, espirro, corrimento nasal, fraqueza, pneumonia, dificuldade de locomoção e hemorragia nos músculos

Fonte: Zero Hora
Créditos da Imagem: Fernando Dias / Seapi / Divulgação