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Redução de plantel é saída para driblar custo de ovos
11/05/2022
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Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) contabiliza redução de 10% a 15% nos alojamentos de galinhas poedeiras nos últimos dois anos
Diante do aumento nos custos de produção, produtores de ovos do Rio Grande do Sul diminuíram seus alojamentos de poedeiras entre 10% e 15%, como estima a Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav). Esses custos estiveram acima dos preços de venda do produto desde julho de 2020, voltando a ficar abaixo desse preço apenas em março deste ano. Em abril, os custos retraíram em 9,3% e o valor da caixa com trinta dúzias do produto estava valendo R$135,58, contra R$122,22 de custos de produção, de acordo com dados do portal Ovosite, que têm como fonte a empresa de assessoria agropecuária JOX e informações de mercado.
Mesmo com o aumento do preço e melhora das vendas, os produtores ainda enfrentam dificuldades para operar sem prejuízos. Um exemplo desse processo é a granja Petry, que vem diminuindo a produção desde abril de 2021 e hoje produz 70% de sua capacidade total. Segundo a gerente administrativa da granja, Liege Petry, “os insumos estão caros e o preço não suporta”. Com capacidade para a produção de cerca de 165 mil ovos por dia, hoje a granja produz em torno de 115 mil. Quando perguntada se a empresa estava operando com prejuízos antes da redução, Liege responde que "prejuízo é apelido, hoje ainda não estamos recebendo o suficiente e se continuar assim vamos ter que diminuir mais, a tendência é ir diminuindo. Não pensamos em parar, mas podemos acabar sendo obrigados a fazer isso por causa das questões econômicas”.
Outro exemplo é o relatado pelo produtor Jairo Nienow, responsável pela Granja Nienow. Ele conta que o estabelecimento opera oscilando entre 90% e 80% de sua capacidade total desde o início de 2021. Essa diminuição se deu por conta dos altos custos, que causaram prejuízos por 15 meses seguidos. Mesmo com a capacidade de produzir 650 mil ovos por dia, a Granja produz em média 520 mil. Hoje o produtor não opera com prejuízo e atribui isso a uma melhora do mercado e subida do preço do ovo em função dos custos. Porém, afirma que a guerra na Ucrânia, alta do dólar e preços dos insumos ainda são desafios.
A granja Naturovos seguiu esse mesmo caminho, reduzindo os alojamentos de poedeiras em cerca de 20%, “devido ao contínuo e acentuado aumento dos custos de produção”, justifica o gerente comercial da granja, Anderson Herbert. "Chega um momento onde fica difícil repassar todos esses aumentos, por isso optamos em fazer também o ajuste na capacidade produtiva para mitigar os impactos para a empresa”, afirma o gerente. Hoje, a granja produz 2,5 milhões de ovos por dia, mas tem capacidade para o processamento de cerca de 3,1 milhões de ovos.
O presidente-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos, lembra que os custos têm estado fora da curva há três anos, o que se acentuou com a disparada dos preços do milho em meados de 2020. Segundo ele, a recente estiagem também agravou a situação. “Então qual a alternativa que nós tivemos nesse momento? Foi adequar a produção para diminuir os prejuízos”, explica, ao citar que os plantéis em todo o brasil diminuíram em cerca de 10%. Segundo ele, isso causa um aumento de preços para cobrir os custos, dando condições para que avicultores continuem produzindo para suprir a população.
Ao mesmo tempo, Santos revela sua esperança de que a situação vai melhorar ao lembrar que o consumo de ovos vem crescendo no Brasil, a nível nacional e regional, com o Rio Grande do Sul acima da média brasileira de consumo. “Sempre há perspectivas de melhora, acreditando que a economia vai se estabilizar”, afirma o presidente-executivo. Ele observa que no país há diminuição das consequências da pandemia e confia na retomada das exportações e em uma situação mais estável após as eleições.
Fonte: Correio do Povo
Créditos da Imagem: Banco de Imagens ASGAV