Os bons números observados na indústria brasileira na recuperação da crise em decorrência da pandemia não podem esconder o grande problema de longa data.
Como pode ser visto no primeiro gráfico, a trajetória da indústria brasileira seguiu de perto a global na crise recente. A grande queda entre março e abril/20 foi até mais intensa no Brasil (-26%) em relação ao mundo (-9%), mas a recuperação também foi maior por aqui: +33% nos 4 meses seguintes, enquanto o mundo avançou 10%. O patamar pré-pandemia (fev/20) foi alcançado em ago/20 no mundo e em set/20 no Brasil.
Porém, numa perspectiva de mais longo prazo, conforme o segundo gráfico, a semelhança desaparece. A partir de 2011, há um grande descolamento entre as séries. De jan/11 a ago/21, a produção industrial no mundo avançou 26%, enquanto a brasileira caiu 17%.
Além de evidenciar os erros de política econômica da última década, esse fenômeno sugere a presença de entraves locais à expansão da produção, entre os quais os mais evidentes são: o regime tributário complexo e oneroso – mais pesado sobre a indústria do que o restante da economia –, a baixa expansão da produtividade e a infraestrutura deficiente, bem como a falta de mão de obra qualificada