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Preço mundial de alimentos perto do pico histórico
11/10/2021
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A combinação de pandemia, choque de demanda e eventos que afetaram a oferta levaram os preços de alimentos para níveis perto dos mais elevados da história recente.
Na semana passada foram divulgados o IPCA e o INPC para o mês de setembro. O IPCA rompeu a fronteira dos dois dígitos (10,25%) no acumulado em 12 meses pela primeira vez desde fevereiro de 2016. Entre os fatores que mais se destacaram para essa alta estão os Combustíveis, a Energia elétrica e os Alimentos. A elevação da Energia está relacionada à fatores climáticos no Brasil e a alta da inflação nos combustíveis e alimentos pode ser atribuída, em grande parte, à escalada de preços internacionais e desvalorização do Real.
No caso dos alimentos, observa-se que os preços mundiais avançaram para perto do topo histórico. Na leitura de setembro, o Índice de Preços de Alimentos da FAO, braço das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, apresentou um avanço de 43% na comparação com o mesmo período do ano passado e encontra-se apenas 5,5% abaixo do topo histórico de 2011, com se observa no primeiro gráfico ao lado.
Alguns fatores contribuíram diretamente para esse aumento. O primeiro deles foi o resultado da safra de milho dos EUA no ano passado 6,0% abaixo da anterior, o que culminou com os estoques mundiais do grão no menor patamar desde 2017. Os estoques mundiais de grãos de soja também atingiram, no ano passado, o menor patamar desde 2016 em função de questões climáticas, impactando principalmente os óleos, conforme mostra o segundo gráfico ao lado.
Outro fator ligado à oferta foi a gripe suína africana que atingiu a China. A doença levou à perda de 12,5 milhões de toneladas equivalente carcaça (TEC) de suínos no país. Esse evento gerou um desbalanceamento na oferta de alimentos, bem como a necessidade de suprir as perdas de outras formas. Assim, conforme mostra o último gráfico ao lado, mesmo após as importações de todos os tipos de carnes, ainda havia, em 2020, um déficit de 3,6 milhões de TEC em comparação com a oferta de 2018.
Pelo lado da demanda, observou-se um volume sem precedentes (em um espaço tão curto de tempo) de transferências para as famílias. O impulso na demanda encontrou uma oferta restrita. Além disso, muitos países em especial a China, com receio de um desabastecimento elevaram ao máximo os seus estoques de grãos. As perspectivas são de uma melhora na margem. A safra de milho dos EUA em 2021 está positiva e tem refletido nos preços internacionais nas últimas semanas.
As expectativas são de aumento nos estoques para 2022. No Brasil, o contrato de milho futuro já recuou cerca de 17% frente a maior cotação do ano registrada em abril, mas permanece acima do dobro do patamar de negociação dos últimos 3 anos. No caso da soja, o recuo em relação ao topo foi de 26%, mas o patamar permanece bem acima dos anos anteriores.
Fonte: Fiergs