De prefeito a ministro, de presidente de entidade associativa a consultor de empresas, já vivi muitas crises. Todavia, nunca presenciei algo parecido ao que o Rio Grande do Sul passou nesta última enchente. E aqui falo com os olhos de quem já rodou uma centena de países, nas mais variadas situações.

Nosso impacto emocional, portanto, é compreensível. Quem viu de perto o cenário, e o fez com os olhos do coração, presenciou vidas ceifadas, casas destruídas, bem como pontes, estradas, lavouras, empresas, enfim, um cenário de desolação. Sonhos suprimidos. Esperanças feridas. Vivemos a materialização do que parecia ser um pesadelo.

Vamos voltar com ainda mais tecnologia, resiliência, experiência. E até com mais poesia
Até nossa paisagem ficou machucada. Jamais se imaginaria que os morros, cobertos de vegetação nativa, abririam talhos profundos, revelando raízes rasas e rochas próximas.

Quando perdemos cenários e memórias, rompem-se também um pouco as veias que levam adiante a nossa identidade. Mas, se vi o que nunca havia visto, também sei o que todos sabemos: não há povo mais forte e resiliente do que o gaúcho. Uma gente constituída pelo trabalho, pelo cooperativismo, pela solidariedade. Um povo que saiu a desbravar terras Brasil afora — de onde fez brotar alimento e progresso. E esse mesmo espírito voltará agora, na reconstrução, mais forte do que nunca.

Precisamos valorizar o que é nosso. E, ao mesmo tempo, devolver aos que sofrem um pedaço daquilo com que o Rio Grande sempre nos presenteou. Vamos voltar com ainda mais tecnologia, resiliência, experiência. E até com mais poesia — cheia de cicatrizes de batalha, como cantou Leopoldo Rassier, mas com novas páginas de glória!

Aliás, precisamos que o Brasil continue nos ajudando, consumindo nosso vinho, espumantes, carnes, produtos e belezas daqui, visitando nossos destinos turísticos. Queremos estar em todos os cardápios, em todas as cartas, na mesa de todo o mundo. Queremos, enfim, seguir em frente — sem jamais esmorecer!

Fonte:ZH
Foto: Banco Asgav