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Plano Safra gaúcho terá crédito de R$ 3,2 bilhões
29/06/2017
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As instituições bancárias ligadas ao governo do Estado (Banrisul, Badesul e BRDE) disponibilizarão R$ 3,2 bilhões em recursos ao crédito agrícola para a próxima safra. Segundo o Palácio Piratini, o valor do chamado Plano Safra Gaúcho, anunciado ontem, é recorde - o pacote representa um aumento de 6,66% em relação aos R$ 3 bilhões disponibilizados no período anterior. Embora siga as diretrizes do Plano Safra federal, porém, o governo estadual afirma ter dado enfoque especial à armazenagem, à retenção de matrizes na ovinocultura e à implantação de pomares de oliveiras e nogueiras.
"A armazenagem é um gargalo que estamos enfrentando, ainda mais com a produção crescendo", justificou o secretário da Agricultura, Ernani Polo, sobre a escolha das prioridades. Os recursos para a área, dentro da linha Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), seguem os juros estipulados pela União, de 6,5% ao ano (abaixo dos 7,5% do ano passado). O governo, porém, não estimou quanto dos recursos serão destinados a cada linha, decisão que cabe a cada banco.
O maior volume ofertado virá do Banrisul, que disponibilizará R$ 2,2 bilhões, dos quais R$ 1,8 bilhão proveniente de recursos próprios. Os valores destinados pelo BRDE (R$ 600 milhões) e pelo Badesul (R$ 400 milhões), por sua vez, são repasses de recursos do Bndes. No ano passado, segundo Polo, mais de 90% do crédito ofertado pelos bancos estaduais foram efetivamente tomados.
A pasta solicitou aos bancos que dessem ênfase também para a retenção de matrizes de ovinos, como forma de manter o plantel do Rio Grande do Sul. Já em relação às culturas de azeitona e noz-pecã, o trabalho foi realizado junto ao Ministério da Agricultura (Mapa), incluindo ambas dentro do Programa ABC (voltado à agricultura de baixa emissão de carbono).
Com isso, as culturas, que demandam alguns anos de crescimento dos pomares até iniciarem as colheitas, passam a acessar o crédito agrícola com prazos mais longos - até 12 anos para quitação, com oito anos de carência -, atendendo pleito já de algum tempo dos produtores. "Isso possibilita a criação de novos pomares dessas novas alternativas de geração de renda aos produtores", defende Polo. Os juros da linha são de 7,5% ao ano.
Em seu discurso, o governador José Ivo Sartori defendeu que o pilar da economia gaúcha está no agronegócio. "Acreditamos que o Plano Safra estadual é nosso compromisso com a produção rural", argumentou Sartori. O governador ressaltou que, com os recursos dos bancos federais e do Sicredi, que anunciou recursos de R$ 7,1 bilhões, os agricultores terão mais de R$ 20 bilhões em crédito, sem contar a atuação dos bancos privados.
Entre as entidades, os valores foram bem recebidos. "São recursos apenas complementares, porque a grande parcela do crédito é de origem federal, mas é algo importante para mostrar que o Estado está participando", afirma o vice-presidente da Farsul, Gedeão Pereira. O dirigente, porém, critica as taxas de juros determinadas pelo governo federal, que, com a inflação anual prevista para em torno de 3%, se tornariam muito elevadas em termos reais. "Será um ano para sobreviver, não para fazer investimentos", projeta Pereira, lembrando ainda que os bancos devem continuar extremamente seletivos na concessão dos empréstimos, assim como no ano passado.
"Não dá para dizer que o anunciado é ruim, é ótimo. No que não é da porteira para dentro, porém, ainda falta muito", acrescenta o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag), Carlos Joel da Silva. O presidente da entidade que representa a agricultura familiar critica principalmente o fechamento de escolas de comunidades e a insegurança no campo, pois dificultam a manutenção dos agricultores no Interior.
Fonte: Jornal do Comércio - Guilherme Daroit
Créditos da Imagem: DANI BARCELLOS/DANI BARCELLOS/PALÁCIO PIRATINI/DIVULGAÇÃO/JC