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Perdas com estiagem já somam R$ 5 bilhões no milho e na soja no Rio Grande do Sul
04/03/2020

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Perdas com estiagem já somam R$ 5 bilhões no milho e na soja no Rio Grande do Sul

A estiagem, que segue avançando no Estado e que, em breve, pode se configurar em seca, causou, até o momento, a perda direta e irrecuperável de R$ 4,8 bilhões apenas com os danos já confirmados nas lavouras de milho e soja.

O prejuízo para o Rio Grande do Sul como um todo, porém, é muito maior. Isso porque o cálculo feito pela Emater, que divulgou, nesta terça-feira, na Expodireto, a nova estimativa da safra 2019/2020, leva em conta 1,2 milhão de toneladas perdidas no milho e 3,2 milhões de toneladas na soja que deixarão de ser comercializados pelo produtor.

Segundo o levantamento feito a campo até o dia 28 de fevereiro pelos técnicos da Emater, a quebra na soja alcançou 16% das lavouras semeadas. Assim, das 19,7 milhões de toneladas previstas no início do plantio para a colheita de 2020, deverão ser colhidas 16,5 milhões de toneladas. Número que ainda poderá ser revisto para baixo, alertou o secretário da Agricultura, Covatti Filho. "Não há perspectiva de chuva para os próximos 10 ou 15 dias, justamente com a soja em fase de enchimento", lamentou Covatti.

No milho em grão, comercializado no mercado, a retração registrada é de 5,95 milhões de toneladas para 4,7 milhões - uma perda de 21%. No caso do milho silagem, utilizado na alimentação animal, os números são ainda piores, explica Alencar Rugeri, diretor técnico da Emater: estavam previstas 12,5 milhões de toneladas - agora, serão 9,9 milhões (uma redução de 2,5 milhões de toneladas a menos para ração animal). "Ou seja, ainda se soma ao dano a necessidade que o produtor terá de comprar fora do Estado o insumo para alimentação de animais na propriedade", alerta Rugeri.

Para amenizar os prejuízos, o governo do Estado anunciou que irá liberar, nos próximos dias, R$ 4,5 milhões para o programa Troca-Troca Forrageiras - subsídio para aquisição de novas cultivares. A esse valor, de acordo com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS), serão acrescidos outros R$ 2 milhões vindos da União.

"O programa é importante para que o produtor - especialmente aquele que trabalha com leite, por exemplo - possa comprar semente para pastagem. Cada produtor pode utilizar até R$ 300,00, limite que estamos tentando elevar para R$ 500,00, com subsídio de 30%", explica Carlos Joel da Silva, presidente da Fetag-RS.

Com a estiagem, ao contrário da produção crescente das últimas três safras, que encerraram com saldo positivo, os resultados da colheita de verão 2019/2020 devem finalizar com uma produção de 28,7 milhões de toneladas no Rio Grande do Sul, com Valor Bruto de Produção (VBP) de R$ 32,72 bilhões.

Na safra 2018/2019, o resultado de todos os plantios de verão foi de 31,5 milhões de toneladas entre os principais grãos (soja, milho, arroz e feijão), com VBP de quase R$ 31 bilhões. A retração do valor só não será maior graças à alta do dólar, que valoriza especialmente o preço da soja, explica Rugeri.

Ontem à tarde, integrantes da Câmara Setorial da Soja decidiram solicitar à Emater uma atualização dos dados referentes à estiagem na soja. Segundo análises dos integrantes, a quebra na oleaginosa já estaria em 30% e pode alcançar 40% caso não chova nos próximos dias.

Fonte: Jornal do Comércio
Créditos da Imagem: PREFEITURA DE VALE VERDE/DIVULGAÇÃO/JC