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Ômicron afeta produção de frigoríficos gaúchos no início do ano
10/02/2022

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Ômicron afeta produção de frigoríficos gaúchos no início do ano

Mais item no pacote de problemas enfrentados pelos produtores rurais gaúchos neste início de 2022, a variante Ômicron da Covid-19 - mais contagiosa que a cepa Delta, que assombrou o País e boa parte do mundo em 2021 - causa aumento de casos de coronavírus no Rio Grande do Sul e afeta a produção dos frigoríficos no Estado.

As empresas de proteína animal do Estado reduziram a produção ou lançaram mão de estratégias para compensar a falta de trabalhadores afastados pela Covid-19. O potencial de disseminação da variante Ômicron vem afastando funcionários essenciais para manutenção das atividades, especialmente as de abate.

Quando ocorre a infecção de algum funcionário, não há outra alternativa que não o afastamento. Os frigoríficos foram um dos setores mais atingidos no início da pandemia, em 2020. Após dois anos da presença do coronavírus no País, a redução do número de funcionários e, consequentemente, da produção já é praxe nos protocolos de segurança.

“Todos os frigoríficos adotaram protocolos de prevenção e investiram muito nisso em 2020 e 2021. Os afastamentos ocorrem justamente por esse cuidado para manter o controle da saúde aos colaboradores. Como fomos um dos setores mais visados no início da pandemia, adotamos todos esses protocolos , o que ajudou o setor a ter um dispositivo de segurança a mais”, explica o presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos.

Por outro lado, o afastamento necessário de pessoal contribui para aumentar ainda mais os problemas vividos pelo setor da proteína animal neste início de ano e deve encarecer o preço da carne no mercado.

"Essa questão afeta o setor e soma-se à estiagem e ao aumento no custo de produção. Com redução no quadro de funcionários, é necessário readequar a produção. Isso vai ocasionar uma redução na oferta e deve acontecer um ajuste de preços no mercado, mas nada que vai espantar o consumidor”, afirma o presidente da Asgav.

De acordo com levantamento do Sistema Defesa Agropecuária, da Secretaria de Agricultura do Estado (Seapdr), na comparação entre janeiro de 2021 e janeiro de 2022, houve redução de quase 5% no número de abates de aves no Estado: 70,2 mil neste ano ante 73,8 mil no ano passado.

Segundo o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários no Rio Grande do Sul (Anffa Sindical), um dos frigoríficos do Vale do Taquari, por exemplo, reduziu em cerca de 6% os abates ao dia. “Não é normal a redução de abate, pois a produção se mantém a mesma o ano todo”, explica a auditora fiscal federal agropecuária Caroline Posser Simeoni, representante da Seção Sindical do Vale do Taquari (SSVT-RS). Segundo a auditora fiscal federal agropecuária, o impacto na produção começou a partir de 10 de janeiro.

Na Serra, uma indústria de proteína animal reduziu em 7% o volume diário de abates em razão da nova onda da pandemia e convocou pessoal para trabalhar nos finais de semana. Horas extras também têm sido a estratégia de plantas no Norte do Estado. Para driblar a falta de mão de obra, outras medidas também vêm sendo adotadas pelos frigoríficos, como mudar o mix de produtos e fazer rodízio dos trabalhadores dentro da fábrica.

“Mesmo com aumento de casos de Covid-19, com alguns servidores afastados devido ao contágio e com quadro funcional bastante defasado há anos, os trabalhos de fiscalização agropecuária seguem normalmente para garantir a segurança alimentar da população e manter a produção e exportação dos produtos de origem animal e vegetal”, ressalta Soraya Elias Marredo, delegada do Anffa Sindical.

A suinocultura parece ter sido menos afetada que a produção de aves. Entre janeiro de 2021 e o mesmo mês de 2022, até cresceu quase 9% o abate de porcos no Estado. “Houve, há umas duas semanas, um princípio de afastamentos um pouco mais expressivo, mas agora está sob controle. Há eventuais afastamento, mas a conscientização e mobilização com relação a manutenção do distanciamento e uso de máscara tem surtido efeitos” explica o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do RS (Sips), Rogério Kerber.

Fonte: Jornal do Comércio
Créditos da Imagem: MANOEL PETRY/ABPA/DIVULGAÇÃO/JC