No primeiro trimestre de 2021, o PIB da China cresceu 18,3% em relação ao mesmo período do ano passado. Em relação ao quarto trimestre de 2020, o crescimento foi de 0,6%, enquanto comparado ao primeiro trimestre de 2019 o PIB chinês cresceu 10,3%. No primeiro trimestre do ano passado, o tombo foi de 6,8%, mas, ao fim de 2020, a economia chinesa cresceu 2,3%. Com esse resultado, a taxa média de crescimento do PIB da China nos últimos dois anos foi de 5,0%.

Aspectos institucionais, sociais e econômicos corroboraram para uma recuperação mais rápida e intensa da crise. A forma muito pouco transparente como a China lidou com a pandemia atrapalha a análise desse resultado. Por exemplo, o número casos e de mortes (apenas 4.845) são pouco críveis, para dizer o mínimo. Entretanto, estímulos direcionados ao tripé crédito, investimentos e infraestrutura e maior tolerância ao controle social, permitiram que a segunda maior economia do mundo hoje alcançasse posição privilegiada em comparação à outras grandes economias globais.

Esse processo colocou em segundo plano o modelo econômico direcionado ao mercado interno e ao consumo. Frente à crise, o governo chinês foi incisivo: os estímulos ao investimento, à projetos de infraestrutura e construção civil e ao setor estatal retiraram a economia de uma trajetória contracionista. A importância de uma retomada baseada na “Velha Economia” chama a atenção quando analisamos o comportamento desagregado do PIB em termos de crescimento do valor adicionado. A contribuição dos setores secundário (indústria e construção civil) e terciário (serviços) foram importantes para o resultado do trimestre, registraram crescimento interanual de 24,4% e 15,6%, respectivamente. O setor primário foi mais discreto: crescimento 8,1%.

Os dados, em grande parte, ocorreram devido à fraca base de comparação, quando houve paralisação das atividades do país, mas também mostra o poder de reação da segunda maior economia do mundo. Apesar disso, o aumento de 0,6% na margem conjugado com uma média de crescimento de dois anos em 5,0% caracteriza uma trajetória da retomada consistente da economia asiática.

Há desempenhos específicos que merecem destaque:

Agricultura: No primeiro trimestre, o setor foi beneficiado com condições climáticas favoráveis nas principais áreas agrícolas, e o trigo de inverno cresceu um pouco melhor do que a média, de forma que o setor experimentou uma expansão interanual de 3,3%. A produção de suínos, bovinos, ovinos e aves foi de 22 milhões de toneladas, um aumento interanual de 21,4%. Desse total, a produção de carne suína cresceu 31,9%, a de leite 8,5% e a de ovos 2,1%. Ao final do mês de março, o número de suínos registrados em estoque era de 415,95 milhões, um aumento de 29,5% em relação ao mesmo período do ano passado, dos quais 43,18 milhões foi o aumento do estoque de porcas reprodutoras (ou +27,7%).

Indústria: De janeiro a março, a produção industrial se recuperou firmemente e a indústria de manufatura demonstrou forte impulso de crescimento. O valor adicionado total das empresas industriais* cresceu 24,5% no primeiro trimestre de 2021.

Em termos de variação interanual dos setores, o valor adicionado do setor de mineração cresceu 10,1%, o da manufatura 27,3%, e a produção e fornecimento de eletricidade, energia térmica, gás e água cresceram 15,9%. O valor adicionado da fabricação de equipamentos e fabricação de alta tecnologia aumentou 39,9% e 31,2%, respectivamente. Especificamente, a produção de automóveis de nova energia, robôs industriais, máquinas de escavação, microcomputadores e circuitos integrados, todos registraram um crescimento impressionante de mais de 60,0%.

Comércio: As vendas totais no varejo de bens de consumo alcançaram aumento de 33,9% no primeiro trimestre. Por categorias, as vendas no varejo registraram crescimento interanual acima de 10,0% em dez das dezoito categorias. Especificamente, as vendas no varejo de artigos esportivos e recreativos e equipamentos de comunicação cresceram 45,2% e 42,4%, respectivamente. As vendas no varejo online de bens físicos cresceram 25,8%, respondendo por 21,9% do total das vendas no varejo de bens de consumo.

Comércio Internacional: No primeiro trimestre, a corrente de comércio cresceu 29,2% em relação ao ano anterior. O valor total das exportações cresceu 38,7%; o das importações 19,3%. A balança comercial foi superavitária em 759,3 bilhões de Yuans (equivalente a US$ 116,6 bilhões).

Em conclusão, as aberturas do PIB por valor adicionado evidenciam a continuidade da difusão e aceleração do crescimento chinês. Isso têm ocorrido, inclusive, nos subsetores mais afetados pela pandemia. Depois de intensas contrações durante a maior parte de 2020, setores relacionados à alimentação e serviços continuam em expansão, ainda que com taxas relativamente menores que as dos setor terciário.

A projeção mais recente indica crescimento de 9,2% para o PIB de 2021 e que pode ser revisada para cima. Essa estimativa reflete, especialmente, uma expectativa mais forte no primeiro semestre. Já no segundo semestre, espera-se uma normalização do ritmo da taxa de crescimento (média pouco acima de 5,5% sobre o segundo semestre de 2019).

Fonte: National Bureau of Statistics of China. Nota:* Empresas industriais que apresentam receitas anuais acima de 20 milhões de Yuans. Um Yuan equivale aproximadamente à 0,15 Dólares americanos e 0,13 Euros (abr/21)
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