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O que os números de abate dizem sobre o consumo de carne em 2020
19/03/2021

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O que os números de abate dizem sobre o consumo de carne em 2020

A carne que o consumidor coloca (ou deixa de colocar) no prato tem efeito sobre a atividade das indústrias de proteína animal. Seja dentro de casa ou no Exterior, é o apetite que conduz a produção. E esse é um dos ingredientes que ajudam a explicar os números de abates em 2020, divulgados pelo IBGE. Fecharam em alta aves, com 3,3%, suínos, com 6,4%. Em contrapartida, houve recuo de 8,5% nos bovinos. Situação que se reflete no Rio Grande do Sul, em proporções diferentes e com exceção dos abates de suínos, que no Estado tiveram leve diminuição.

Com um resultado singular no mercado externo, a indústria gaúcha teve em fatores internos razões para terminar 2020 com menos abates. Rogério Kerber, diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do RS cita efeitos ainda sentidos de fatos anteriores ao último ano. Como as mudanças de custo na logística, no pós-greve dos caminhoneiros em 2018, e o fechamento de plantas, entre 2019 e 2020. E a suspensão de atividades por conta da covid-19, no início da pandemia.

Outro ingrediente importante foi o reflexo nos custos de duas estiagens seguidas, com impacto sobre a produção de milho.

— Isso tudo foi pesado, levando à estabilidade da produção — acrescenta Kerber.

Para Ronei Lauxen, presidente do Sindicato da Indústria de Carnes do Estado, a retração nos abates de bovinos evidencia a fragilidade da economia.

— A redução de abate com aumento da exportação significa forte redução de consumo no mercado interno —diz, acrescentando às razões do recuo a menor oferta de animais.

Nas aves, a realidade foi outra. Ainda que em ritmo menor do que o do país, o RS ampliou os abates. Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal reforça que "a maioria do crescimento na produção ficou no mercado interno". E que os próprios dados do IBGE corroboram a substituição do consumidor para o frango.

— O efeito pandemia deixou a população mais cautelosa e contingenciando os gastos – reforça José Eduardo dos Santos, presidente-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura.

Fonte: Zero Hora
Créditos da Imagem: Banco de Imagens ASGAV