Depois de um longo período de descompasso entre o fator agronômico e o financeiro, o milho promete ter na safra de verão um terreno fértil no Rio Grande do Sul. Já em plantio, a cultura poderá ter o terceiro ano consecutivo de aumento de área. São avanços tímidos, importante frisar, mas que voltam a colocar a produção em perspectiva.

— Nos outros anos, sempre tinha a remuneração como um dos gargalos. Hoje, o cenário é diferente — diz Alencar Rugeri, diretor técnico da Emater.

Conforme o indicador Esalq/BM&FBovespa, o valor médio da saca neste mês chega a R$ 99,55. Em agosto do ano passado, era de R$ 56,62, uma diferença de 76%. Em maio deste ano, chegou a alcançar R$ 100,72.

Essa valorização reflete fatores internos e externos. Dentro de casa, a demanda em alta, por conta das indústrias de proteína animal, contrastou com frustrações de safra — duas seguidas, na safra de verão no Rio Grande do Sul, e outra na safrinha.

A variação cambial foi outro ponto que ajudou a elevar ainda mais os preços, em bom patamar em dólares. Neste momento, a safra americana de milho em volume menor do que o esperado é outro ingrediente de alta. Consultor em agronegócios, Carlos Cogo observa que a relação entre estoque e consumo global é a menor em cinco anos:

— Pelo menos todo este ano e o próximo devem seguir com níveis de preços bem altos.

Ele acrescenta que regiões consumidoras, caso do RS, vão ficar com estoque próximo de zero. O que faz da próxima safra de verão, por melhor que seja, um “cobertor curto”.

— Apostamos em uma desaceleração de preços, pelos volumes recordes importados, mas não aos patamares passados — reforça José Eduardo dos Santos, presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav).

Na região de Santa Rosa, a falta de umidade atrapalhou o andamento do plantio. Aliás, entre as ameaças ao bom resultado estão o tempo e a cigarrinha do milho, praga de elevado potencial de destruição.

Fonte: Zero Hora
Créditos da Imagem: Djonatan Coppetti / Emater/Divulgação