Asgav Notícias

O que as cheias e a estiagem têm a ver com o ritmo da exportação de carne do RS
10/01/2024

voltar
22

Embarques de frango do Estado recuaram 2,13% em 2023 e os de suíno cresceram 10,05%, mas a um percentual menor do que o do país

Primeiro faltou água e, depois, sobrou, mas o fato é que o clima foi um fator de impacto também nas vendas externas de carne do Rio Grande do Sul em 2023. Os embarques de frango caíram 2,13%, ao passo que os do país tiveram alta de 6,6%. Nas exportações de carne suína, o resultado foi de crescimento, mas os 5,07% ficam abaixo dos 9,8% da média do Brasil. Nos dois resultados, o que aparece, segundo representantes do setor, é o efeito do clima, combinado a questões econômicas puxada pelos efeitos do tempo.

— Os dado do RS trazem os efeitos das enxurradas, do fechamento de empresas. São pequenos elementos que acabam dificultando a exportação, mas vejo um 2024 de recuperação para o Estado — avalia Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

A despesa maior, sobretudo de insumos para a ração dos animais, é um dos fatores econômicos que trouxeram dificuldades às indústrias. O Estado teve uma sequência de três anos com falta de chuva que prejudicou a produção de milho, usada na alimentação. Além de mexer com as cotações do produto em si, isso gerou um gasto adicional para trazer o grão de outros locais. E encareceu o custo em relação aos principais produtores de proteína animal.

— Tínhamos tudo pra fechar o ano com crescimento nessa ordem, de 2% a 3%, ou acompanhando números do Brasil, mas infelizmente fomos afetados por essas situações. Essa redução se deve muito ao efeito climático, mas também à situação econômica de algumas indústrias do setor, que que tinham participação nas exportações — reforça José Eduardo dos Santos, presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav).

As cheias no Vale do Taquari, em setembro do ano passado, foram outro fator de impacto. A região responde por 21% da produção avícola do Estado. Muitas empresas tiveram o processamento afetado por fatores que foram desde a falta de energia até o alagamento das instalações industriais (caso da Cooperativa Dália, por exemplo).

— O Estado teve três estiagens consecutivas, enchentes e ciclone. A questão climática e outros eventos menores acabaram provocando efeitos importantes — reforça Rogério Kerber, diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos (Sips).

Ele destaca que, em 2022, foi necessário investir R$ 4,6 bilhões só na compra de milho para atender à demanda da indústria de proteína animal do RS, "no momento em que o preço do grão estava em alta":

— Isso determinou uma dificuldade.

No período das cheias no Vale do Taquari, muitas empresas acabaram tendo de reorganizar os abates, por vezes mandando os animais para outros Estados, outro fator que impacta os dados do RS. De forma geral, a aposta é em um 2024 melhor, por fatores como a safra de milho, que promete ser de bom tamanho, e as possíveis conquistas de novos mercados ou a ampliação dos existentes, a partir do reconhecimento do status do RS como livre de aftosa sem vacinação.

Fonte: Zero Hora
Créditos da Imagem: Banco de Imagens ASGAV