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O que anda mexendo com os preços de soja e milho em reais Visão panorâmica
29/03/2022

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O recuo na cotação do dólar fez com que os preços dos grãos descessem alguns degraus no patamar da valorização em reais. Pelo quarto dia consecutivo, a saca de milho, por exemplo, teve preço inferior a R$ 100 conforme o indicador Esalq/BM&FBovespa. A soja teve redução de 8,9% nos últimos 15 dias, segundo o mesmo indicador - tendo Paranaguá (PR) como base. Especialistas avaliam, no entanto, que não há espaço para uma descida "ladeira abaixo". Pelo menos por ora.

- Existe espaço para volatilidade, mas como a quebra na produção foi grande no Brasil, também para a continuidade de valorização. Temos menos oferta, estoques apertados. Mas, claro, temos de olhar para Chicago - explica Luiz Fernando Gutierrez Roque, analista da Safras & Mercado, em relação à soja.

E a Bolsa de Chicago, balizador global do grão, volta agora sua atenção para a próxima safra americana. Na quinta-feira, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apresenta os números da intenção de plantio do ciclo 2022/2023. E esse, acrescenta Roque, é um dado com potencial para influenciar, para cima ou para baixo, o valor do bushel (medida equivalente a 27,21 quilos). Embora tenha fechado em baixa ontem, o patamar de preços tem se mantido em torno de US$ 16,5 a US$ 17. E o que ajuda nessa sustentação é a redução da safra sul-americana que, por sua vez, implica em maior demanda pela soja americana.

- Em reais, a soja vem caindo nos últimos dias muito por conta da desvalorização do dólar frente ao real, é o grande fator - reforça o analista.

Da mesma forma, o milho tem tido uma trajetória de alta na bolsa dos EUA, diante da indefinição trazida com a guerra Rússia-Ucrânia. Os países são dois grandes players do mercado mundial.

Por aqui, a leve desaceleração da escalada do milho é vista com alívio pela indústria de proteína animal, que tem no grão um importante ingrediente da ração. Presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos pondera que a situação segue sendo monitorada de perto, em razão da guerra:

- Esperamos que se chegue a um ponto de equilíbrio, para não tirar as margens dos produtores de grão, mas nos patamares que estava, torna-se um custo elevado para nós.

A tarefa de fiscalização da produção vegetal do Estado acaba de ganhar um reforço tecnológico. Neste mês, servidores da Secretaria da Agricultura usaram pela primeira vez um drone para fazer a inspeção em pomares de citros. Nesse primeiro voo, foram 30, nos municípios de Constantina, Liberato Salzano e Iraí, no Norte. Com a ajuda do olhar "biônico", o objetivo é monitorar doenças comuns a essas plantas como o cancro cítrico, o greening e a mosca negra dos citros.

E o alcance da nova ferramenta não se restringe a isso. De acordo com a engenheira agrônoma Rita Antochevis, chefe da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Secretaria da Agricultura, o equipamento serve também para controle da deriva de agrotóxicos:

- O drone nos fornece uma imagem panorâmica da área a ser inspecionada. Nela, podemos ver como está a cultura, se há algum ponto em que a cor ou a forma está destoando do resto. Coisa que, ao caminhar, muitas vezes não percebemos.

Depois da visualização, os técnicos coletam amostras para fazer o levantamento fitossanitário - documento importante para garantir e manter uma certificação que possibilita a comercialização para outros Estados e países.

A secretaria conta com sete drones para fiscalização agropecuária. Na defesa animal são seis. Vêm sendo utilizados desde dezembro passado nos programas Sentinela e Guarita.

- Torna mais dinâmica a contagem e identificação dos animais em uma propriedade e a fiscalização em trânsito, em locais de passagem - destaca Francisco Lopes, coordenador do programa.

Até agora, 14 servidores da área vegetal e 15 da animal receberam treinamento para manusear a nova tecnologia.

 

 

Fonte: Zero Hora