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O custoso caminho da recuperação da imagem
23/03/2017

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A abertura de um novo mercado para a carne costuma levar, em média, em torno de 10 anos. É preciso fazer muito esforço e gastar muita sola de sapato para garantir ao comprador que o Brasil reúne as condições necessárias para negociar seus produtos. Uma retomada, após um embargo, costuma ser menos longa, mas igualmente ou ainda mais trabalhosa. É preciso recuperar a confiança. Por enquanto, ainda é difícil prever quanto tempo levará para que os países que já anunciaram restrições normalizem as compras do Brasil.

A grande expectativa do setor é de que, uma vez feitos todos os esclarecimentos pelo governo federal, as suspensões comunicadas sejam revertidas.

– O estrago está feito e o restabelecimento da confiança depende de muita coisa, de esclarecimentos da polícia, de todos os envolvidos na questão. Já tivemos experiências de embargo, mas sem essa dimensão – afirma Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que reúne as indústrias de aves e de suínos.

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, estimou que os estragos causados pela Operação Carne Fraca devem fazer com que o Brasil perca 10% do mercado externo de carne. Isso representa prejuízo anual de US$ 1,5 bilhão.

– Para retomar, é bem sofrido. Temos um outro caso de cinco plantas de aves suspensas pela China. O calcanhar já está gasto e ainda não conseguiram retomar as vendas – reforça Turra.

Rogério Kerber, diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos e Derivados do Estado (Sips), diz que é impossível fazer uma projeção de quanto tempo levará a recuperação “porque ainda não se tem todos os reflexos no mercado internacional, o quadro ainda não está estabelecido”.

– São coisas pontuais, que não representam a produção brasileira – completa, em relação aos problemas detectados pela operação.

Mais otimista, o presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), José Roberto Pires Weber, estima que o país terá condições de reverter a situação em médio prazo – de um a dois meses.

– Vai precisar de muito trabalho de convencimento. Vamos ter alguma dificuldade, mas não tanta porque estamos vendo que o que atrapalhou um pouco foi a Polícia Federal. Foram liberadas informações erradas.

Há um fator que poderá ajudar o Brasil no trabalho de recuperação da imagem: é a necessidade dos mercados pelo nosso produto – o país é o maior exportador de carne bovina e de frango.

– A médio e longo prazo se contorna porque há uma dependência comercial desses países – entende o consultor Fernando Velloso.

Fonte: Zero Hora