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O cenário americano e tudo que se quer evitar no Brasil
20/05/2020

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Um dia antes de reabertura, frigorífico faz triagem de funcionários

As notícias que chegam dos Estados Unidos mostram a face de um problema que o Brasil quer evitar: o abate de milhões de animais em razão do fechamento de frigoríficos. A medida é o episódio mais recente dos registros de casos da covid-19 entre trabalhadores do setor.

Com uma atitude, em um primeiro momento, um tanto quanto displicente em relação à chegada do vírus, autoridades americanas demoraram a entender - e a se preparar - para a gravidade da pandemia. Esse lapso fez a doença avançar - são mais de 1,5 milhões de casos e mais de 90 mil mortes.

Um dos pontos de atenção veio justamente de unidades de abate, com grandes empresas do setor, como JBS, Tyson Foods, tendo de paralisar as operações em algum momento. Pelo menos 30 plantas foram fechadas.

A consequência seguinte foi a redução na produção, com impactos ao abastecimento de produtos à base dessa proteína animal. Os danos fizeram o presidente Donald Trump assinar ordem executiva para manter as unidades abertas.

Relatório do Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos EUA mostra que 115 plantas de processamento de carnes tiveram casos de covid-19 entre funcionários, em 19 de 50 estados americanos.

O Brasil tem empenhado para construir uma realidade diferente, tanto no avanço da doença quanto no impacto ao fornecimento de alimentos. Consideradas atividade essencial, as empresas tiveram a operação mantida. Os casos que surgiram entre trabalhadores ligaram o sinal de alerta e levaram ao reforço de ações para reduzir o risco a quem está na linha de frente.

A preocupação de quem fiscaliza e de quem produz tem de ser a mesma: encontrar o ponto de equilíbrio. Porque os cuidados com a saúde são vitais. E a preocupação com abastecimento é igualmente legítima e necessária. Episódios recentes mostram que o tema ainda provoca divergências.

Houve, no entanto, evolução do diálogo e na busca de soluções, avalia Priscila Schvarcz, coordenadora estadual do projeto de fiscalização de frigoríficos do Ministério Público do Trabalho.

Diretor-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura, José Eduardo dos Santos assegura que os frigoríficos não vão baixar a guarda com a retomada em unidades fechadas (veja abaixo).
E ressalta a responsabilidade compartilhada, dentro e fora das empresas. Quem ganha com o entendimento são todos, do produtor ao consumidor.

Um dia antes de reabertura, frigorífico faz triagem de funcionários

Com 2.650 funcionários, o frigorífico da JBS de Passo Fundo, no norte do Estado, está com a retomada das atividades prevista para hoje. Durante o dia de ontem foi montado um esquema para a realização da triagem dos trabalhadores. Só os que foram aprovados poderão atuar na operação.

Divididos em grupos de 20 pessoas, todos usando máscara, foram levados ao longo do dia para serem avaliados por profissionais da área da saúde. Havia marcação de distância nos pontos de espera.

A ação foi acompanhada pela secretaria municipal de Saúde, a Coordenadoria Regional de Saúde e representantes do sindicato dos trabalhadores.

A unidade de abate de aves e de suínos estava parada desde 24 de abril. Na última segunda-feira, atendendo a recurso da empresa, o Tribunal do Trabalho (TST) deu efeito suspensivo à decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, que mantinha a interdição solicitada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT-RS) após fiscalização.

Fonte: Zero Hora
Créditos das Imagens: Banco de Imagens ASGAV / Leandro Bordin / JBS/Divulgação