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Mobilização tenta evitar o descarte de aves no Estado
14/05/2020

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Mobilização tenta evitar o descarte de aves no Estado

Produtores temem que frigoríficos deixem de receber os lotes criados nas granjas se suspensão do funcionamento se prolongar por muito tempo

A suspensão parcial ou total das atividades de alguns frigoríficos do Rio Grande do Sul por causa da pandemia de coronavírus acendeu um sinal de alerta no lado da produção de aves e suínos. Entidades ligadas à cadeia produtiva e governo do Estado correm contra o tempo para tentar evitar que as granjas cheguem ao ponto de ter que descartar animais.

Esse temor já tomou conta de alguns criadores. Em Victor Graeff, a prefeitura revelou ter recebido relatos de diversos avicultores informando que não estão conseguindo escoar a produção desde a interdição do frigorífico da JBS em Passo Fundo e demonstrando que querem evitar o sacrifício dos plantéis.

Em Imigrante, no Vale do Taquari, o problema já atingiu, entre outros, o produtor de frangos Décio Magedanz, que teve a venda de 18.600 aves cancelada. Magedanz deve receber mais aves dentro de 15 dias. “Se eu ainda estiver com o lote antigo na granja, vão transferir a chegada de mais aves”, prevê.

O secretário da Agricultura, Covatti Filho, tem feito diversas reuniões com os envolvidos e colocou até um prazo como meta. “O momento é de analisar e agir como intermediário entre a Justiça e as empresas para ter uma solução até sexta-feira (15)”, afirma. “A partir disso, poderemos ver uma luz no fim do túnel sobre o retorno do funcionamento desses estabelecimentos e impedir o descarte dos animais”, explica o secretário.

Em caráter excepcional, a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) autorizou o aumento de até 30% no alojamento de aves e suínos em criatórios, pelo período de 90 dias. Na cadeia produtiva há datas em que os animais precisam ir para os frigoríficos. Se isso não ocorrer, pode surgir a necessidade do descarte. Em nota, a Fepam explica que a medida é decorrente da necessidade de flexibilizar normas para atenuar os efeitos da pandemia, origem do represamento de animais em granjas devido à redução de abates nos frigoríficos.

O diretor-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), Eduardo Santos, diz que todos os esforços estão concentrados para retomar as operações nos frigoríficos e evitar uma situação indesejada. “Só na região de Lajeado e Passo Fundo são 880 mil aves abatidas por dia. Se os frigoríficos não retornarem, vamos ter que encaminhar os animais para o sacrifício, o que causa também um sério problema ambiental”, prevê. Caso não retornem às atividades, Santos disse que as empresas devem decidir se vão levar as aves para outras unidades ou definir um local adequado para eliminá-las, se for preciso.

Segundo a procuradora do Ministério Público do Trabalho (MPT) e coordenadora do projeto de adequação das Condições de Trabalho em Frigoríficos no Rio Grande do Sul, Priscila Schvarcz, que está à frente do caso da planta da BRF de Lajeado, o MPT recebeu a informação de que os animais estão sendo deslocados para outras plantas, como Campo Mourão, no Paraná, Garibaldi e Trindade do Sul.

INTERDITADOS
Ontem, segundo informação do Ministério Público, a Justiça transformou a interdição da planta da Minuano, em Lajeado, de parcial em total. Já a prefeitura da Passo Fundo autorizou a JBS a retomar as atividades de seu frigorífico no município mediante adoção de “severas medidas de controle” do coronavírus. Mas a retomada depende ainda de autorização da Justiça do Trabalho. A BRF, de Lajeado, também está interditada. A Nicolini, de Garibaldi, funciona parcialmente por ter assinado Termo de Ajuste de Conduta com o Ministério Público do Trabalho.

Fonte: Correio do Povo
Créditos da Imagem: Banco de Imagens ASGAV