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Milho e soja inflacionam preços de aves natalinas
08/12/2020
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Não é por nada que o peru e as aves natalinas são mais caras e saborosas do que um simples frango. Enquanto o frango está pronto para abate em 45 dias, suas “versões” mais nobres exigem até 70 dias nos criatórios – e comem cerca de 30% mais ração.
Como a ração está significativamente mais cara neste ano, devido à elevação os preços do milho e da soja, as aves especiais também tiveram reajustes significativos. A demanda internacional também elevou preços no mercado interno, assim como ocorreu com outras carnes, como suína e bovina.
De acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE/FGV), a carne de frango comum registrou elevação de 17,13% no ano, até novembro. No Rio Grande do Sul especificamente, o Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas (Iepe/Ufrgs) apontou alta bem inferior, no entanto, de 7,89% no ano no Estado – mas é preciso levar em conta características regionais e até mesmo diferenças na metodologia e períodos de pesquisa, pondera Everson Vieira dos Santos, pesquisador do Iepe.
“Teremos uma pesquisa específica sobre preços da ceia natalina na próxima semana, com dados atualizados da primeira semana de dezembro em comparação com o mesmo período de 2019, e aí teremos um cenário específico para estas aves”
No caso das vendas de aves natalinas e perus pela indústria , a alta média é de 16% em relação ao ano anterior, estimativa da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav).
“A alta nos cortes de frango é quase o quádruplo da inflação média, de 4,86% em 12 meses. Isso representa um pouco do que foi a alimentação em 2020. A alimentação puxa a inflação e as proteínas em geral elevam a alta no segmento”, explica o economista André Braz, que responde pelo Índice de Preços ao Consumidor do Ibre e é analista de inflação.
Braz diz ainda que o contexto atual explica a alta, com demandas elevadas internacionais e, no mercado interno, com reajustes de mais de 100% na soja e no milho. Insumo básico das aves em geral, o milho teve reajuste de 99,35% em 12 meses. Na soja, o salto foi ainda maior: 107,36%
Eduardo dos Santos, presidente executivo da Asgav, explica que as aves natalinas são aves modificadas geneticamente para valorizar a área do peito, com manejo diferenciados.
“Além de ficar mais tempo alojado em relação ao frango, aves natalinas comem ao menos entre 20% e 30% mais. Enquanto o frango é cuidado por cerca de 45 dias, as aves especiais ficam nos aviários entre 60 a 70 dias. Ou seja, demanda mais alimentação e investimentos”, detalha Santos.
A criação e processamento no Rio Grande do Sul atende o mercado local, outros Estados e até outros países. Devem ser produzidos aqui aproximadamente 80 mil toneladas/ano em aves natalinas e perus. Somente produção de perus, no ano, deve ser cerca de 3,6 milhões, gerando um volume de aproximadamente 35 mil toneladas. O que assegura ao Estado o título de maior exportador de peru do Brasil, de acordo com a Asgav.
“Em relação ao ano passado, a produção fica equilibrada. Vivemos um ano de cautela devido a crise, desemprego e pandemia. De toda a produção local, cerca de 60% fica no próprio Rio Grande do Sul, cerca de 20% para outros Estados e 20% para exportações”, acrescenta presidente executivo da Asgav.
Curiosamente, porém, o preço de aves natalinas e do peru teve retração na Capital entre novembro e dezembro em levantamento feito pelo Procon de Porto Alegre. De uma média de R$ 26,80 o quilo em novembro a ave natalina caiu para R$ 21,00; o peru, no mesmo período, teve queda R$ 23,90 para R$ 21,35.
Fonte: Jornal do Comércio
Créditos da Imagem: UBABEF/DIVULGAÇÃO/JC