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MERCOSUL-UE: RS tende a se beneficiar do acordo entre blocos
09/07/2019

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MERCOSUL-UE: RS tende a se beneficiar do acordo entre blocos

Graças à sua relação com o agronegócio, o Rio Grande do Sul deve ser um dos estados brasileiros mais beneficiados com o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE). A previsão é do gerente de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Luciano D’Andrea, que ontem apresentou os principais pontos da negociação em encontro com entidades do setor de proteína animal, na sede da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav). A estimativa é de que as exportações estaduais possam crescer de 17% a 24%, o que pode representar novos ingressos de divisas de até 1 bilhão de dólares por ano. “De um modo geral, o acordo vai trazer riquezas e uma maior interação. Esperamos que dele possam decorrer inclusive outros acordos, em outras áreas, com esse importante mercado”, destacou D’Andrea.

Um dos mecanismos inseridos no acordo, a chamada “cláusula de precaução”, foi vista com receio por representantes de entidades do setor. O tratado prevê que qualquer uma das partes possa recorrer ao dispositivo caso se sinta prejudicada em alguma negociação. A preocupação é que essa cláusula possa ser utilizada pela própria UE para impor barreiras protecionistas. D'Andrea acredita que a regra não será utilizada de forma indiscriminada. “O acordo prevê a necessidade de evidências técnicas e científicas e a aplicação só pode acontecer na parte e/ou território de quem acusa”, afirmou.

Enquanto o acordo não é ratificado pelos parlamentos dos países envolvidos, cabe ao Brasil executar algumas lições de casa. “Muitas vezes são medidas domésticas para dar maior competitividade aos setores e também para nos equiparar em termos tributários, fiscais, juros de financiamentos e outras questões que a indústria, sobretudo, precisa para poder competir de igual para igual com mercados desenvolvidos, que é o caso da União Europeia”, salientou D'Andrea.

Brasil espera maior fatia das aves

A cadeia do frango já se articula para definir como serão exportadas as 180 mil toneladas com tarifa zero previstas no acordo entre o Mercosul eaUnião Europeia (UE). Maior produtor do continente sul-americano, o Brasil deve ficar com a maior fatia, porém os detalhes devem ser discutidos pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) com entidades congêneres de Argentina, Uruguai e Paraguai durante o Salão Internacional da Avicultura e Suinocultura (Siavs), em agosto, em São Paulo. Segundo o diretor de mercados da ABPA, Ricardo Santin, uma das propostas em discussão é que países com maior produção possam aproveitar parte da cota daqueles com menor produção. Outro ponto que segue sendo alvo de discussão no setor é o equivalente de carcaça. Das 180 mil toneladas, o acordo prevê 50% com osso e 50% desossadas. Quando contabilizados miúdos e penas, entre outros itens, a cota torna-se menor do que o número anunciado, segundo Santin.

Uma das medidas que o segmento de aves e suínos pretende defender é a retirada da vacinação contra a febre aftosa nos bovinos. As entidades do setor acreditam que isso ampliaria as possibilidades de exportação para o velho continente. O diretor executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos, disse que cabe ao poder público ampliar o aparelhamento das defesas sanitárias, visando o avanço e a futura manutenção do status sanitário. Uma das preocupações é o fato de o Paraná estar em vias de suspender a vacinação contra a aftosa, o que deixaria o Rio Grande do Sul “isolado” na Região Sul. Por enquanto, Santa Catarina é o único estado brasileiro que não vacina o seu gado.

De acordo com Santos, o acordo com a União Europeia é uma chave de entrada para acessar outros mercados exigentes.

Fonte: Correio do Povo
Créditos da Imagem: RODRIGO ASSMANN / GAZETA DO SUL /ESPECIAL / CP