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Mercosul e UE: Negociação sob impacto
02/05/2018
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O impacto que a suspensão das compras de carne de frango de 20 frigoríficos brasileiros, pela União Europeia, em vigor desde 19 de abril, pode causar à negociação do acordo de livre comércio entre aquele bloco econômico e o Mercosul, ainda não está dimensionado, mas preocupa o agronegócio. Os analistas estão divididos entre os que entendem que a repercussão será mínima e os que avaliam que a negociação será retardada ou prejudicial aos sul-americanos. O vice-presidente e diretor de Mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal, Ricardo Santin, não vê ameaças ao tratado. “A proteína animal é só uma parte do acordo, que é multissetorial e já está em fase final de negociação”, ressalta, manifestando esperança de ver o tratado consolidado até o final de 2018. Santin lembra que o problema com as plantas brasileiras será discutido com a Organização Mundial do Comércio (OMC) num processo que poderá se arrastar por mais de um ano.
A visão otimista de Santin não é compartilhada pelo professor de Economia da Unijuí, Argemiro Brum. Doutor em Economia Internacional, Brum lembra que o acordo vem sendo negociado desde 1999 e tem esbarrado sempre em questões de reserva de mercado, pelos europeus, principalmente no setor agropecuário. “A decisão do ministro da Agricultura de fazer o autoembargo dos frigoríficos apontados pela Operação Trapaça acabou criando ambiente para aquilo que o bloco europeu desejava, que é bloquear a entrada de produtos brasileiros em seu território”, diz. Brum entende que a retirada dos 20 frigoríficos da relação dos que estão habilitados a exportar para a Europa, além de atrasar um pouco mais a negociação entre os dois blocos, pode respingar em outras regiões importadoras. “O ministro Blairo Maggi deixou a bola picando para os europeus entrarem com força naquilo que mais querem, que é minar o mercado internacional brasileiro”, acrescenta Brum. “Se um dia sair o acordo, este será superficial e não atenderá o pretendido pelo Mercosul.”
Para o assessor de Relações Internacionais da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul, Renan dos Santos, a suspensão das plantas ocorreu num momento delicado, em que a situação dos avicultores já não é boa. “O embargo foi surpreendente e vai prejudicar não apenas o acordo, mas fragilizará ainda mais toda a cadeia da avicultura”, avalia. “O impacto é tremendo”, complementa.
Fonte: Correio do Povo
Créditos Da Imagem: Banco de Imagens ASGAV