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Mercado para carnes no Oriente Médio tem desafios e oportunidades
14/04/2020

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Mercado para carnes no Oriente Médio tem desafios e oportunidades

A recente abertura do Egito a 42 novos frigoríficos brasileiros chamou a atenção para ao menos dois fatos relacionado às relações comercias e do agronegócio brasileiro com o Oriente Médio. O primeiro, é sobre a desaceleração das exportações brasileiras para a região. O segundo é que o Rio Grande do Sul, no entanto, ganhou espaço.

Nacionalmente, os embarques brasileiros para o Oriente Médio tiveram queda em itens como aves congeladas não cortadas em pedaços, de R$ 296,1 milhões no primeiro trimestre de 2019, para US$ 286,67 em igual período deste ano, recuo de 3%); e de US$ 258,1 milhões em pedaços e miudezas no início do ano passado para US$ 210,25 neste ano (-18%). No caso das carnes bovinas, congeladas, o baque foi ainda maior: de US$ 210,83 milhões exportados entre janeiro e março de 2019 o valor caiu para R$ 137,4 milhões em 2020 (retração de 34%).

No Rio Grande do Sul, a realidade é inversa até o momento. Levantamento feito pela área de comércio Exterior da Federação da Agricultura do Estado (Farsul) a partir de dados do Ministério da Economia mostra que a avicultura gaúcha até ganhou mercado neste mesmo período. De acordo com o analista de relações internacionais da entidade, Renan dos Santos, o Estado comercializou o equivalente a R$ 125,5 milhões em carnes de ave e miúdos congelados neste ano ante para a região, ante US$ 94,3 milhões no ano passado (alta de 33%).

As novas habilitações, porém, não são garantia de ampliação de mercado, avalia o presidente da Farsul, Gedeão Pereira. O fato de o Egito, por exemplo, aumentar o número de frigoríficos habilitados por aqui não significa necessariamente que irá comprar mais, alerta o pecuarista. Como o setor frigorífico trabalha em muitas áreas com baixas temperaturas, poderia haver desfalques extras de operário com gripe em meio a pandemia. São trabalhadores que deixariam de comparecer às linhas de produção, em volume significativo por temores com a Covid-19, afetando a produção.

"O setor é altamente demandante de mão de obra. No momento, novas habilitações são muito mais uma garantia para eles de que terão fornecedores em caso de um ou outro ter problemas, e por isso querem ter alternativas", avalia Gedeão.

Diretor executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos defende que a manutenção e ampliação dos negócios do setor com o Oriente Médio é ainda mais necessário no momento atual. Isso porque em caso de restrições de vendas para a Europa, especialmente para países mais afetados pela pandemia, como Itália e Espanha, será necessário redirecionar a produção para outras regiões.

"Das habilitações feitas pelo Egito ainda não temos informações se há para o Estado, mas a Arábia Saudita habilitou nova planta no Rio Grande do Sul, o Frigorífico Nova Araçá, por exemplo. Das 460 mil toneladas embarcada para a Arábia Saudita, cerca de 35 % saíram do Rio Grande do Sul. No primeiro trimestre foram 112 mil toneladas, e o Rio Grande do Sul responde por 43 mil toneladas", detalha Santos. e acordo com o chefe do 10º Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sipoa/Dipoa), João Francisco Bisol, as novas habilitações do Egito no Estado são para cinco frigoríficos de aves, além de 10 renovações, entre unidades de aves e bovinos localizadas no Rio Grande do Sul.

Novidades no horizonte

O Egito habilitou 42 novos estabelecimentos brasileiros para fornecimento de carnes, sendo 27 de frango e 15, de bovina, além da renovação da habilitação de 95 empresas, (82 de carne bovina e 13 de carne de frango). O governo egípcio também autorizou o início da importação de miúdos bovinos.

O Kuwait abriu seu mercado para a carne bovina brasileira.

O Brasil também passará a exportar material genético de aves (como ovos férteis) para o Marrocos e os Emirados Árabes Unidos.

Fonte: Jornal Do Comércio
Créditos da Imagem: Fredy Vieira/Arquivo/JC