Se até semana passada era a comercialização do trigo que tirava o sono do produtor, agora o excesso de chuva trouxe motivo a mais de preocupação. O grande volume de precipitação registrado nos últimos dias, e previsto até quinta-feira, poderá comprometer a qualidade e produtividade das lavouras – mais de 60% na fase final de formação de grãos.

Nas regiões onde a colheita começará no fim do mês, o risco da umidade excessiva é o surgimento de doenças de final de ciclo, como a giberela.

– Claro que numa intensidade bem menor do que nos dois últimos anos, quando choveu demais do começo ao fim do ciclo – lembra Claudio Doro, gerente regional adjunto da Emater Passo Fundo.

O ataque de fungos pode interferir no rendimento da cultura, que até então vinha se desenvolvendo bem no Estado.

– A previsão era de boa produtividade. Agora não sabemos, a qualidade pode ser reduzida – afirma Doro.

Na região de Santa Rosa, no Noroeste, onde cerca de 20% da área já foi colhida, os produtores se apressaram antes de a chuva chegar.

– Muitos agricultores aceleram a colheita na semana passada, quando viram a previsão. Esses escaparam de perdas – destaca José Vanderlei Waschburger, gerente regional adjunto da Emater Santa Rosa.

As lavouras ainda não colhidas têm um tempo de maturação e poderão ser prejudicadas apenas se a chuva se intensificar, diz Waschburger. Os grãos colhidos na região foram depositados em armazéns de cerealistas e de cooperativas, à espera de compradores.

Hoje, reunião do setor produtivo com o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, poderá definir os mecanismos de intervenção no mercado. As medidas buscam garantir o escoamento e o preço mínimo do produto. No último mês, o valor do cereal no Rio Grande do Sul vem caindo – causando apreensão entre os produtores.

Fonte: Zero hora