Após um longo período “andando de lado”, a soma de todos os rendimentos recebidos pelos trabalhadores brasileiros começou a subir em 2022. Conforme ilustra o gráfico, entre junho de 2020 e abril de 2022, a massa de renda do trabalho mensal girou em torno de R$ 245 bilhões, o que representa cerca de R$ 20 bilhões mensais menos em relação ao pico pré-pandemia (R$265 bilhões em novembro de 2019).*
Esse movimento ocorreu mesmo com o número de ocupados crescendo. Dois fatores contribuíram para isso: 1) grande parte dos empregos gerados nesse período correram no mercado informal, onde os salários são mais baixos; 2) a inflação elevada fez a renda média real recebida por cada trabalhador cair.
No entanto, nos últimos dois meses, a massa de renda apresentou uma forte elevação, chegando a R$ 256 bilhões em junho. Mesmo assim, o patamar ainda fica baixo do pré-pandemia, com cerca de R$ 9 bilhões mensais ainda a serem recuperados.
Além da continuidade no aumento do número de ocupados, a composição desse contingente também é importante para ajudar a explicar a alta: os trabalhadores formais começaram a ganhar cada vez mais espaço. Nos últimos 3 meses, o mercado formal apresentou maior contribuição para o crescimento da população ocupada do que o mercado informal. Como resultado, a renda média mensal – que caiu continuamente entre setembro de 2020 e dezembro de 2021 – começou a subir em 2022. Portanto, a forte alta da massa de renda do trabalho é fruto de mais pessoas empregadas e uma maior renda média em função do aumento dos empregos com carteira assinada.
A combinação do aumento da massa de renda do trabalho com as medidas do governo que aumentaram a renda disponível ajudam a explicar os melhores resultados recentes da economia, bem como as revisões para cima do crescimento do PIB em 2022. Contudo, vale destacar que boa parte dos auxílios são temporários e não estarão presentes em 2023. Em uma próxima oportunidade, trataremos com mais detalhes o papel das transferências no suporte à renda durante a pandemia.

Fonte: Fiergs