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Indústrias brasileiras de carne buscarão milho na Argentina para abastecimento
14/04/2021

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Indústrias brasileiras de carne buscarão milho na Argentina para abastecimento

Indústrias brasileiras de carne começam a buscar milho da Argentina como alternativa à disponibilidade restrita dentro de casa. Ao alcançar a paridade de importação, o produto argentino passa a ser mais uma opção. Ao mesmo tempo, o setor segue buscando a isenção da tarifa externa comum para países de fora do Mercosul – a decisão deve sair na próxima semana.

Para José Eduardo dos Santos, presidente-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), a porta que se abre no vizinho é importante. Nesta quarta-feira (14), a entidade se reunirá com representantes de exportadores. A avaliação é de que quanto maior for a adesão de compra, mais abre-se a perspectiva de negociação de preços:

– É uma alternativa que o setor buscará. O que ajuda é a oferta e o movimento em si.

A elevação das despesas com a ração animal, por conta das commodities valorizadas, tem pesado nos custos. Tanto que há empresas de aves e ovos já reduzindo a produção. Na carne suína, é a exportação que tem ajudado a equilibrar as contas.

Números comprovam que a alta é expressiva. Em 12 meses, o item alimentação, que tem o maior peso dentro do custo das indústrias de leite, ovos, aves e suínos, subiu até 160%, observa o consultor em agronegócios Carlos Cogo. Ao mesmo tempo, o poder de compra do brasileiro, que segue sendo o principal cliente, foi corroído. E isso faz com que reajustes do produto final se tornem inviáveis.

Embora seja um alento para suprir necessidades de abastecimento, a entrada de milho argentino não deve mexer nos ponteiros de preços, avalia Cogo. A razão está nos fatores que têm sustentado a valorização. Dentro e fora de casa. Ontem, o bushel fechou a US$ 5,80 no vencimento de maio, na Bolsa de Chicago. Há um ano, o mesmo contrato estava em US$ 3,31.

A variação cambial é outro puxador de preço em reais. E há o fator segunda safra, que tem impactado a Bolsa brasileira (B3). No último dia 6, a saca chegou a históricos R$ 100 – nos contratos para maio. E a projeção é de que siga elevada até a entrada da segunda safra brasileira. Para completar, há perspectiva de que a safrinha não seja tão cheia quanto se esperava. E, nesse cenário, o milho importado (mesmo que o governo venha a isentar a tarifa externa, o que deve ser decidido na próxima semana) fica igualmente caro:

– Não chega por menos de R$ 100 – pontua Cogo.

Fonte: Zero Hora
Créditos da Imagem: Omar Freitas / Agencia RBS