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Indústria de carnes de olho no trigo
31/10/2016
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Com a safra de trigo em andamento no Rio Grande do Sul, e grande parte do produto armazenado à espera de preço, indústrias de aves e suínos começam a sondar o mercado para compra do cereal que pode substituir em parte o milho na ração animal. No primeiro semestre, quando o preço do insumo disparou, os frigoríficos chegaram a recorrer ao trigo porém na época havia pouco produto estocado.
– Estamos em conversações. O trigo pode ser um substituto parcial do milho, até a entrada da safra de verão – confirma Nestor Freiberger, presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav).
Na composição da ração animal, o trigo pode ser trocado pelo milho em um volume máximo de 20%. Hoje, a saca de milho chega na indústria ao custo de R$ 42. Na semana passada, o preço do trigo caiu para R$ 32 no Estado.
– Ninguém gostaria de vender trigo de boa qualidade para ração animal. Mas precisamos fazer girar esse produto, e se tivermos uma boa remuneração, será a alternativa – afirma Vicente Barbiero, presidente da Associação das Empresas Cerealistas do Rio Grande do Sul (Acergs).
Na Coopatrigo, em São Luiz Gonzaga, cerca de 1 milhão de toneladas do cereal estão armazenadas à espera de mercado.
– Com o preço que estão oferecendo ninguém está querendo vender, não paga nem os custos. E a qualidade do produto está excelente – diz Ivo de Souza Batista, presidente da Coopatrigo, que também foi procurada por indústrias de suínos e aves.
A própria cooperativa, que tem fábrica de ração animal, está avaliando a possibilidade de comprar parte do produto em substituição ao milho.
– Entra e sai governo e a história é a mesma – reclama Batista, referindo-se à falta de garantia de preço mínimo.
O mercado deverá se movimentar apenas após a confirmação das medidas de intervenção do governo federal, por meio de leilões – aguardadas para os próximos dias. Até lá, o produtor de trigo terá de conviver com a apreensão em mais uma safra de inverno.
Fonte: Zero Hora
Créditos da Imagem:ASGAV