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Governo retira tarifa de importação da soja e milho
19/10/2020
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Depois de retirar a tarifa de importação do arroz em setembro, o governo federal decidiu adotar a mesma medida para a soja e o milho comprados fora do âmbito do Mercosul. A decisão foi tomada na sexta-feira pelo Comitê-Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Camex), a pedido dos ministérios da Agricultura (sobre a soja) e da Economia (sobre o milho) e anunciada no sábado. Não houve definição de cotas. A suspensão da alíquota valerá até 15 de janeiro para a soja (grão, farelo e óleo) e até 31 de março de 2021 para o milho.
Segundo o Ministério da Agricultura, o estabelecimento destas datas não atrapalhará a comercialização dos grãos na próxima safra. O diretor de Comercialização e Abastecimento do órgão, Sílvio Farnese, afirma que não há previsão de falta dos produtos e que o objetivo da medida é ajustar a oferta e demanda no período pré-colheita. Apesar de safras recordes, a demanda interna e externa reduziu drasticamente os estoques de soja e milho.
No caso da soja, de janeiro a setembro deste ano, o Brasil exportou 79,1 milhões de toneladas, 30% a mais do que no mesmo período de 2019, em negócios que tiveram como grande atrativo a valorização do dólar. A escassez do produto no mercado doméstico e os preços em disparada – o saco chegou a R$ 159,44 na sexta-feira, segundo o indicador Esalq/BM&FBovespa – têm, inclusive, acelerado as importações da oleaginosa nos últimos meses. As indústrias esmagadoras do Paraná já importaram 528,2 mil toneladas do Paraguai, 326% a mais do que no mesmo período do ano passado.
O economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, acredita que o efeito da retirada da tarifa será limitado, ao observar que há escassez dos grãos no mundo todo. Lembra que as últimas safras de soja e milho dos Estados Unidos foram prejudicadas pelo excesso de chuva no plantio e a colheita da soja ficou 24 milhões de toneladas abaixo da esperada no ciclo. Para Da Luz, o governo poderia aproveitar o momento para “discutir a falta de liberdade dos produtores para comprar insumos onde quiserem”.
O presidente executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), Eduardo Santos, explica que o setor aguardava esta decisão, que “viabiliza a continuidade da produção de todas as proteínas, em larga escala”. Ao afirmar que a avicultura não é contra a exportação de grãos, Santos enfatiza que iniciativa tomada pelo governo preserva, “num momento crítico”, a indústria que atua no mercado interno e que é “fiel” cliente do setor de grãos. Segundo o dirigente, o segmento de aves vem verificando a disponibilidade de grãos e os preços em outros países. Santos calcula que, sem a tarifa de importação, e dependendo da origem, o milho e o farelo de soja podem chegar a preços ligeiramente menores que os praticados no Brasil.
O presidente da Associação dos Produtores de Milho (Apromilho/RS), Ricardo Meneghetti, diz que a retirada da tarifa nunca é uma medida agradável, mas que, diante dos problemas no fornecimento do grão, entende que a decisão é “necessária e protege as indústrias”. Lembra ainda que o Rio Grande do Sul começa a se preocupar novamente com uma possível estiagem e os impactos na disponibilidade interna de milho em 2021. “Diante disso, é interessante que se busque alternativa para as indústrias que precisam se manter ativas”, admite.
Fonte: Correio do Povo
Créditos da Imagem: Banco de Imagens ASGAV