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Festas de fim de ano devem ter aves com custo 10% mais alto no mercado
05/12/2022
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Na reta final de um ano fortemente associado pelo agronegócio à disparada dos custos de produção, o cardápio natalino traz um leve alívio aos balanços das indústrias frigoríficas. Para representantes dos dois segmentos, as tradicionais confraternizações do período deverão aumentar a demanda por carnes de aves e suínos, que ao longo de 2022 ganharam mais espaço na mesa do consumidor brasileiro como alternativas econômicas em relação à proteína bovina. Para o consumidor, contudo, a notícia não é favorável. Em razão de repasses de custos maiores com nutrição animal, as aves festivas devem chegar ao mercado com preço em torno de R$ 21 o quilo, 10% superior ao do Natal de 2021. “O milho (usado nas rações) subiu 70% na comparação com mesma época do ano passado”, explica o presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos.
A Asgav projeta a produção de cerca 59 milhões de aves especiais destinadas à venda no mercado gaúcho e em outros estados neste fim de ano, o que deve gerar R$ 1,067 bilhão em receitas para o setor – um crescimento de 15% na comparação com o faturamento atingido no mesmo período de 2022. “As aves natalinas são um leque que vem aumentando a cada ano. Em torno de 60% dos nossos associados de frigoríficos já produzem essas aves”, diz Santos.
No caso do peru, símbolo da ceia de Natal, a estimativa da Asgav é de abates de 4,6 milhões de aves no Rio Grande do Sul para as festividades de fim de ano, um avanço de 2,5% sobre o total do final de 2021. “É um crescimento tímido por causa do custo de produção, da situação do país e da descapitalização da população”, avalia Santos. Por envolver práticas de manejo diferenciadas, a produção no Estado é concentrada em apenas dois frigoríficos – o peso de abate do animal pode variar de 4 a 15 quilos, ante a média de 2,5 a 3 quilos de um frango comum, segundo Santos.
No segmento de carne suína, a oferta de cortes diferenciados é a aposta das indústrias para atrair os consumidores neste fim de ano. Segundo o presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Folador, as empresas vêm investindo na oferta de alternativas que aumentem a vida útil do produto e proporcionem praticidade, e a resposta do brasileiro tem sido positiva. “Estão vindo para o mercado novidades como carnes temperadas, mais práticas, e em porções menores, de 500 e 600 gramas”, exemplifica.
Com o aumento no ritmo de exportações verificado desde agosto, o empresário diz que a suinocultura gaúcha projeta um crescimento de 5% na produção em 2022 ante os totais do ano passado. O consumo de carne suína no mercado interno também está em alta e deve ficar na média de 20 quilos per capita neste ano, frente a cerca de 18 quilos per capita de 2021. O produtor, no entanto, deve fechar o ano no vermelho, segundo o presidente da Acsurs. “A injeção do 13o salário na economia ajuda a girar (o mercado). Acredito que isso possa, no último mês do ano, aquecer o preço do suíno pago ao produtor e ele feche os dois últimos meses do ano no zero a zero”, destaca Folador.
Fonte: Correio do Povo
Créditos da Imagem: Patrick Fallon / AFP / CP