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Falta ou alto custo das matérias-primas segue sendo o maior obstáculo
04/11/2021

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O cenário descrito pelos empresários na Sondagem Industrial do RS, pesquisa de opinião realizada mensalmente pela FIERGS, mostrou avanço da produção e do emprego em setembro e perspectivas positivas para a demanda e para os investimentos. Mas a pressão sobre os custos de produção continua.
O índice de produção atingiu 53,8 pontos em setembro, o que denota crescimento em relação a agosto, o quinto consecutivo. Nos últimos dezesseis meses, em apenas dois (dezembro de 2020 e abril de 2021) a produção industrial não cresceu. O emprego demostrou a mesma dinâmica: índice em 53,0 pontos (crescimento). O emprego na indústria gaúcha avança ininterruptamente desde julho de 2020. Os indicadores variam de zero a 100 pontos. Acima de 50 expressam alta na comparação com o mês anterior.
Outro indicador que confirma o aquecimento da indústria gaúcha em setembro é a utilização da capacidade instalada (UCI), que atingiu 75,0%. O nível repete o mês anterior, mas é o maior para o mês desde 2013 (75,0%) e maior que a média dos mesmos meses (71,1%). Na avaliação dos empresários, porém, a capacidade utilizada pelas empresas ficou no nível normal para setembro. Aos 49,8 pontos, o índice de UCI em relação à usual ficou muito próximo de 50.

Os estoques de produtos finais, por sua vez, cresceram em setembro (índice de 51,7 pontos). Mas, o índice de estoques relativo ao planejado registrou, no mesmo mês, 49,9 pontos, mostrando que esse aumento se deu conforme o previsto pelas empresas.
O bloco da Sondagem referente ao terceiro trimestre que trata das condições financeiras das empresas mostrou, em uma escala de zero a 100, que o índice de satisfação com as margens de lucro foi de 47,0 pontos (+0,3 ante segundo trimestre) e o de satisfação com a situação financeira da empresa alcançou 52,3 pontos (- 1,6). A marca de 50 divide satisfação (acima) e insatisfação (abaixo). Ainda nesse bloco, os empresários reportaram maior dificuldade de acesso ao crédito: o índice atingiu 42,8 pontos, 1,3 abaixo do trimestre anterior. Nesse caso, quanto mais abaixo dos 50 pontos, maior a dificuldade. Por fim, os preços das matérias-primas seguem pressionando os custos de produção das empresas no terceiro trimestre. O índice de evolução dos preços foi de 74,6 pontos, 4,1 abaixo do trimestre anterior, mas ainda bem acima dos 50 pontos (linha divisória) e da média histórica (66,0).
O ranking dos principais problemas enfrentados pela indústria gaúcha no terceiro trimestre do ano quase não sofreu mudanças frente ao trimestre anterior. A falta ou alto custo das matérias-primas segue sendo de longe o grande problema enfrentado pela indústria, afetando sete em cada dez empresas. O item é o maior entrave do setor desde o terceiro trimestre de 2020. A elevada carga tributária, apontada por 33,2% das empresas, a taxa de câmbio, por 30,0%, e a demanda interna insuficiente, por 21,4%, se mantiveram na segunda, terceira e quarta posições no ranking dos principais problemas do terceiro trimestre. Já a falta e o alto custo da energia elétrica, sétimo lugar no trimestre anterior (com 11,7% das respostas), passou a ser o quinto maior problema no terceiro trimestre, com 16,4% das respostas, superando a falta de trabalhador qualificado, que baixou para o sexto posto, ainda que tenha aumentado as assinalações de 14,7% para 15,5%.
Quanto aos próximos seis meses, todos os índices que medem as expectativas dos empresários, que também variam de 0 a 100 pontos, continuaram acima de 50 em outubro, indicando perspectiva de crescimento. Com exceção das exportações (56,2 pontos, +0,7 ante setembro) todos recuaram: demanda (59,8 pontos, -2,1), emprego (56,1 pontos, -0,3) e compras de matérias-primas (58,4 pontos, -2,1).
Pelo terceiro mês consecutivo, diminuiu a propensão a investir na indústria gaúcha. Em outubro, o índice de intenção de investimento caiu 1,0 ponto ante o mês anterior, para 57,8. O índice acumula redução de 3,6 pontos frente a julho, mas mantém-se bem acima da média histórica (50,3), o que denota um nível ainda elevado. Em outubro, 64,5% dos empresários mostram-se dispostos a investir nos próximos seis meses.