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Engarrafamento de contêineres no Exterior provoca falta de produtos e disparada de preços aqui
08/11/2021

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Engarrafamento de contêineres no Exterior provoca falta de produtos e disparada de preços aqui

Não faltava mais nada. Agora, um engarrafamento mundial de contêineres provoca escassez e alta de preços de produtos aqui. Empresários gaúchos - tanto da indústria quanto do varejo - têm relatado dificuldades há semanas à coluna, que vão do atraso na saída de mercadorias importadas da origem até o frete 10 vezes mais caro.

O descompasso, que deu os primeiros sinais ainda no ano passado, piorou no início do segundo semestre de 2021. Surtos de covid-19 fecharam portos na China, país que compra mais de 40% do que o Rio Grande do Sul exporta e vende 13,8% do que importamos. Isso travou o comércio exterior, com efeitos que seguem sendo sentidos ao longo de meses.

Nos Estados Unidos, no mesmo período, disparou o consumo com o avanço da vacinação, em cima de hábitos nos quais o e-commerce ganhou ainda mais espaço. O resultado é fila de embarcações nos portos para descarregar contêineres. É do país que vem 14% do que o Rio Grande do Sul compra do Exterior. De lá, vêm quase 8% das nossas exportações.

Ainda na metade do ano, importadores mais planejados correram ainda na metade do ano para garantir a entrega de mercadorias de Natal. O funcionamento do Porto de Los Angeles, agora, é 24 horas por dia, depois que a Casa Branca interveio para resolver gargalos que dificultam o comércio e aumentam os preços. Ainda assim, cerca de 12 navios com milhares de contêineres permanecem ancorados na baía aguardando uma vaga nas docas lotadas e esperando até mais de 10 dias. Por lá, passam US$ 250 bilhões em bens por ano. Dentro, estão os mais diversos produtos, de insumos para a indústria até os brinquedos, tão vendidos no Natal.

Presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL Porto Alegre) e no comando da rede de lojas de materiais de construção Elevato, Irio Piva conta que um contêiner seu de mercadoria atrasou 37 dias de um prazo já alongado para sair da China, além de um frete 1.000% maior do que o normal. É o mesmo percentual de alta relatado pelo presidente da Lojas Lebes, Otelmo Drebes, e pelo vice-presidente de Administração e Finanças da indústria de ferramentas motorizadas Stihl, Cleomar Prunzel, que também apontou falta de navios e dificuldades em portos aqui no Brasil. Presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo Santos aponta para uma situação ainda mais preocupante: o cancelamento perda de vendas:

- A crise de disponibilidade de contêineres está afetando nosso setor avícola que exporta para mais de 160 países em média 680 milhões de quilos por anos. O aluguel de estruturas refrigeradas subiu quase 100%. Empresas exportadores estão gastando mais com armazenagem em terceiros, e clientes podem abandonar compras pela demora.

Sócio-diretor da Ecosul Energias, Alan Spier tem abastecido a coluna com diversos comunicados que recebe de fornecedores, principalmente asiáticos. A crise dos contêineres e o racionamento de energia da China são as justificativas para elevar preços e avisar que nem todas as encomendas poderão ser entregues. O leitor da coluna Glauco Nunes, que trabalha para a espanhola Blu-Castle Iberia, também encaminhou à coluna o comunicado de um fornecedor de Taiwan, mas que produz na China. Nela, a explicação sobre a trava na cadeia de suprimentos.

- Os preços seguem subindo, e a prioridade é de quem paga mais e aceita os aumentos. A situação da cadeia de suprimentos está complicadíssima e soma-se a isso o aumento do frete marítimo! Enfim, “tempestade perfeita”, temos os produtos subindo em dólares e o real depreciando. Mais inflação no futuro próximo - enfatizou o leitor.

Empresa do mercado financeiro que tem feito análises do que impacto da situação nas companhias brasileiras, a Ativa Investimentos avisa que, além das suas dificuldades internas, o país terá que "importar" esta inflação do Exterior. Importante observar que, se não chegam contêineres aqui, os portos locais também ficam sem estruturas para enviar as mercadorias.

Fonte: Zero Hora
Créditos da Imagem: Tecon / Divulgação