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Efeitos da estiagem vão além das lavouras no Rio Grande do Sul
07/01/2020

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Efeitos da estiagem vão além das lavouras no Rio Grande do Sul

Mesmo sem dados consolidados sobre perdas, já é possível estimar prejuízos em razão de falta de umidade e calor excessivo

O quadro de estiagem verificado no Rio Grande do Sul acende sinal de alerta dentro e fora do campo. Assim como em período de tempo bom, quando safras cheias multiplicam efeitos positivos à economia, períodos de escassez de chuva tendem a ter igual influência, no sentido contrário. Ainda não é possível ver com clareza o impacto numérico das perdas nas lavouras. Mas elas existem. E as imagens produzidas pela combinação de falta de umidade e calor excessivo impressionam.

— As perdas continuam acontecendo, principalmente no milho, onde estão estabelecidas. A soja também começará a ter reflexo. Mas ainda não é possível saber o quanto representa na safra — pondera Alencar Rugeri, diretor técnico da Emater.

Nesta segunda-feira (6), após reunião na Secretaria da Agricultura, foi determinado que até o final da semana se tenha levantamento consolidado de perdas. Também foi criado grupo para monitorar os efeitos da estiagem.

Da mesma forma, a indústria de carnes está em atenção máxima. Mesmo em anos bons, o Rio Grande do Sul não é autossuficiente na produção de milho. Esse déficit obriga a compra do grão, insumo da ração de animais, de outras regiões, ampliando custos. É por isso que empresas buscam alternativas de fornecimento. Dentro e fora do Brasil.

Diretor-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos, explica que, no Rio Grande do Sul, o custo do frete de outros Estados pode ficar parelho com o da importação. Países como a Argentina acabam sendo opção.

— As perdas estão em evolução ainda. Independentemente de qualquer coisa, será necessário trazer de outras unidades da federação ou mesmo importar. A quantidade ainda não é possível mensurar — reforça Rogério Kerber, diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado (Sips).

O Rio Grande do Sul normalmente necessita trazer de fora 1,5 milhão de toneladas de milho para abastecer as indústrias de aves e de suínos. Neste ano, como a colheita estava estimada em 5,95 milhões de toneladas, projetava-se volume menor.

Nas estimativas iniciais, o Estado projetava nova safra recorde de grãos de verão. A falta de chuva poderá interromper um ciclo de sete safras positivas.

Fonte: Zero Hora
Créditos da Imagem: Diogo Zanatta / Especial