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Criadores reforçam medidas para evitar que gripe aviária contamine granjas comerciais do RS
31/05/2023

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Medidas incluem restrição de acesso às propriedades e procedimentos de desinfecção nos locais

A confirmação do primeiro foco de gripe aviária em aves silvestres no Rio Grande do Sul, na segunda-feira (29), elevou o grau de cuidado nos aviários comerciais do Estado. As medidas de proteção, que já haviam sido adotadas desde que foram registrados os primeiros casos da doença em países vizinhos, agora ganham nova importância diante da proximidade do vírus e do seu potencial de contaminação.

Presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos diz que os primeiros registros já eram esperados, pela característica do contágio, e que a ocorrência dos casos em outros locais do mundo permitiu antecipar as medidas locais de biosseguridade.

— Não ficamos surpresos enquanto setor porque sabíamos da possibilidade. Estamos em rota de aves migratórias, que são consideradas os vetores da doença. Nesse período todo, fizemos uma lição de casa primordial junto aos órgãos oficiais para a construção de instruções normativas e regramento de biosseguridade nos estabelecimentos comerciais. Agora, com o anúncio do foco no Taim, isso foi intensificado e colocamos em prática o “manter a guarda alta” — afirma Santos.

Todas as granjas comerciais do Estado foram notificadas sobre os cuidados de prevenção. As normativas consistem na adoção de procedimentos que protegem o plantel de aves.

— É como estar num hospital e ele estar blindado à entrada de qualquer elemento nocivo — exemplifica Santos.

Não é permitida a entrada de pessoas de fora do dia a dia das granjas. E as que são autorizadas a entrar precisam usar roupas especiais, exclusivas para o acesso aos criatórios. Na entrada dos locais, são instalados arcos de desinfecção para eliminar qualquer microrganismo que possa estar presente, inclusive nos veículos que acessam os estabelecimentos.

Outras medidas são a instalação de barreiras naturais, como as telas de contenção para impedir a entrada de animais externos nas propriedades, e o cuidado com a qualidade da água.

Na criação de subsistência, houve recomendação para se recolher as aves neste período. Em linha com as orientações da Defesa Sanitária Animal estadual, o setor alerta para que os pequenos produtores que criam aves caipiras tenham cuidado redobrado com a oferta de água e de comida para os animais, já que a disponibilidade de alimento é um atrativo para as aves de vida livre.

As medidas de segurança valem também para o sistema de criação de galinhas livres de gaiolas, chamado de cage free. Segundo Santos, os sistemas alternativos são fatias comerciais pequenas no Estado, mas foram recomendados com atenção especial pelo tipo de criação.

Ainda em março, o Ministério da Agricultura determinou, por meio de portaria, a suspensão em todo o território nacional da criação de aves ao ar livre, com acesso a piquetes sem telas na parte superior. Segundo o presidente da Asgav, por se tratar de um confinamento provisório, as certificadoras acordaram em manter a certificação dessas empresas.

No Rio Grande do Sul, as aves estão presentes em mais de 50% das propriedades agropecuárias. As empresas avícolas de postura comercial se concentram na Serra e no Vale do Taquari. Todas estão com acesso à informação e alinhadas às medidas de segurança, diz Santos. Há também criatórios não tão expressivos comercialmente no Sul do Estado e na região Norte.

A detecção da doença em aves de vida livre, ou seja, longe da produção industrial, não oferece risco imediato ao mercado avícola. A ocorrência também não altera a condição sanitária do Brasil para a comercialização dos produtos, e somente haverá mudanças neste sentido se a doença entrar na avicultura industrial. Por isso, a importância de evitá-la. Uma vez verificada em qualquer local país, a ocorrência altera o status sanitário do Brasil inteiro para o mercado.

— Estamos confiantes nas ações. Sabemos o tamanho da responsabilidade que temos como setor regional e nacional. 60% da produção brasileira fica no mercado interno. Os outros 40% das quase 14 milhões de toneladas produzidas vão para mais de 160 países, que estão buscando cada vez mais as nossas proteínas. Ou seja, é um setor que tem uma responsabilidade imensa — diz Santos.

Fonte: Zero Hora
Créditos da Imagem: ASGAV