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Conab prevê safra gaúcha 23% maior e recorde de produção no País
12/05/2023
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Apesar dos fortes efeitos da estiagem sobre a agricultura gaúcha, a safra de grãos 2022/2023 deverá ser 23,3% maior em relação à colheita anterior, chegando a 31,3 milhões de toneladas. A estimativa foi divulgada nesta quinta-feira (11) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em seu oitavo levantamento nacional, realizado no final de abril.
O estudo aponta uma produção recorde de 313,8 milhões de toneladas no País – alta de 15,2% –, considerando os resultados das culturas de verão e a confirmação das perspectivas sobre os cereais de inverno, totalizando 77 milhões de hectares plantados. Os destaques vão para soja e milho, com projeção de 154,8 milhões de toneladas e de 125,5 milhões de toneladas, respectivamente. As duas culturas, entretanto, tiveram quebras expressivas em terras gaúchas, por conta da terceira estiagem em quatro safras.
Por isso, no Rio Grande do Sul, o crescimento verificado pela Conab é em relação à base baixa verificada na safra passada, quando a escassez hídrica colocou praticamente todo o Estado em situação de emergência. Se forem confirmadas 14,5 milhões de toneladas de soja, a alta será de 59,3% sobre 2021-2022. E a quebra considerada por especialistas neste ano chega a 38%, com 2,2 mil quilos por hectare.
Para o milho, a Conab estima que sejam colhidas 4,1 milhões de toneladas, 42,2% a mais que na safra anterior, mesmo com redução de 39% na produtividade, resultando em 4,9 mil quilos por hectare. A cultura vive momento de perspectivas positivas no mercado internacional, com demanda forte em virtude dos problemas enfrentados nas produções americana e argentina.
Já para a cultura do arroz, nos 862,6 mil hectares semeados, o Estado deve obter 6,9 milhões de toneladas, com 8 mil quilos do grão por hectare. O resultado é 9,4% inferior à safra 2021-2022, quando a área plantada foi 9,9% maior. A redução foi planejada pelos arrozeiros para diminuir custos e tentar recuperar preço para o produto no mercado.
Assim, com menor oferta, o produtor mostra menos pressa para vender e se volta às exportações, diante de um déficit produtivo mundial e os bons preços pagos pelo mercado asiático, explica Allan Silveira, superintendente de Estudos de Mercado e Gestão da Oferta da autarquia. “Além disso, a conquista do mercado mexicano coincide com a quebra na produção dos Estados Unidos, favorecendo os negócios dos arrozeiros brasileiros”, acrescenta. O Brasil exportou 508 mil toneladas de arroz entre os meses de janeiro e abril.
O levantamento também prevê um menor desempenho no trigo, já por conta do fim dos efeitos do fenômeno climático La Niña e a incidência do El Niño, alterando o regime de chuvas e impactando sobre as lavouras. O cereal de inverno, que rendeu 5,7 milhões de toneladas na colheita passada, renderia, conforme a Conab, 4,6 milhões de toneladas em 1,4 milhão de hectares no RS.
No Brasil, a produção chegaria a 9,5 milhões de toneladas, queda de 9,4%. Com preços pressionados para baixo, em função da safra cheia em 2022, e os moinhos ainda abastecidos, o início do plantio sinaliza para um aumento de área no País. Por outro lado, com o trigo russo a preços competitivos, o ritmo das exportações está mais lento. Mas, com uma diminuição de 44% na produção argentina, de 22,2 milhões de toneladas para apenas 12,6 milhões de toneladas, o Brasil pode aproveitar esse espaço comercial. O desafio gaúcho, mais uma vez, será a logística, já que o porto de Rio Grande, principal ponto de escoamento da produção, dá prioridade à soja a partir do mês de março.
Fonte: Jornal do Comércio
Créditos da Imagem: PABLO REIS/DIVULGAÇÃO/CIDADES