Projeto que será lançado nesta quarta-feira (20), no Palácio Piratini, se propõe a ampliar produção e dar mais competitividade aos gaúchos

O programa que nasce oficialmente amanhã (20) no Palácio Piratini, batizado de Duas Safras, materializa um desejo antigo de tornar o Rio Grande do Sul mais produtivo e, por consequência, mais competitivo. Um dos fios condutores é o melhor aproveitamento do ciclo de inverno. No atual ciclo, as culturas do frio somaram 1,6 milhão de hectares. No verão, 8,17 milhões de hectares, ou seja, há um espaço a ser “ocupado”.

Preencher esse “vazio” também traz uma expectativa promissora à indústria de proteína animal. Porque o pacote que será apresentado começou a ganhar contornos mais palpáveis em meio à crise do segmento frente a elevação de preços de milho e soja – ingredientes da ração animal. Um avanço na colheita de inverno traz a possibilidade de incluir esses cereais à dieta. E vem da pesquisa, via Embrapa, a missão de buscar a equivalência nutricional.

Ter opções de alimento nas culturas de inverno, como o trigo, promete reduzir custos. Dados da Central de Inteligência de Aves e Suínos (Cias) da Embrapa mostram que 76,7% dos gastos para produção de frango vêm da nutrição – item que acumula alta de 13,74% em 12 meses. Nos suínos, o percentual é ainda maior: 83,03%, com aumento de 13,93% em 12 meses. O alívio para produtor e indústria deve chegar também ao consumidor.

— Hoje, não temos uma estabilidade no fornecimento de suprimentos. Precisamos buscar fora do Estado ou do Brasil, o que gera custo maior. Quando isso acontece, o setor não vê outra alternativa se não repassar ao consumidor — pontua José Eduardo dos Santos presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav).

O dirigente explica que ter uma segunda safra como opção ajuda na estabilidade da oferta, fazendo o RS perder o rótulo de “deficitário”, com demanda superior à oferta. A necessidade da indústria de frango gira em torno de 3 milhões de toneladas de milho por ano. Na atual safra do grão (mais uma sob o impacto da estiagem), a estimativa é de uma colheita de 2,74 milhões de toneladas. É uma conta que não fecha.

Para o agricultor, o projeto também abre novas perspectivas, pondera Gedeão Pereira, presidente da Federação da Agricultura do RS (Farsul):

— É altamente positivo, com outra grande opção mercadológica: a indústria.

O Duas Safras vem sendo costurado desde o ano passado e reúne Secretaria da Agricultura, Farsul, Senar-RS, Embrapa, Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), as federações das Cooperativas Agropecuárias (Fecoagro) e das Associações de Arrozeiros (Federarroz-RS) e Asgav.

Fonte: Zero Hora
Créditos da Imagem: André Ávila / Agencia RBS