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Como o Brasil e o mundo veem a vacinação contra influenza aviária
01/06/2023
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Assunto foi debatido em assembleia da Organização Mundial de Saúde Animal, que contou com a participação de representantes de mais de 170 países
Com o aumento dos casos de influenza aviária mundo afora, medidas que ajudem no controle do problema foram debatidas na pauta da assembleia da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). No evento, que teve representações de mais de 170 países, o tema da vacinação de animais foi posto à mesa. Os Estados Unidos, que desde janeiro de 2022 vivem um surto da doença, começaram a realizar testes com vacina de dose única e de duas doses.
O Brasil tem adotado uma postura de manutenção da estratégia atual, que é a da erradicação da doença, sem o uso de vacina. A imunização está longe de ser um consenso global, por questões técnicas e comerciais. Em manifestação recente, o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Carlos Goulart, disse que “ao iniciar a imunização podemos não ter mais o status reconhecido e ter o mercado fechado pela adoção dessa medida”.
Ou seja, há um temor de que a imunização vire uma barreira comercial. Mas esse não o único ponto. Diretora técnica da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Sula Alves observa que a OMSA já previa a utilização de vacina como um recurso, “mas nunca como de primeira instância”.
— Os países que estão usando é porque a situação escalou, já tentaram e não conseguiram conter a doença por outros meios — esclarece Sula, citando como exemplo o México.
No Brasil, os focos registrados, até o momento, são exclusivamente em aves silvestres. Medidas como o isolamento e a eliminação desses focos, bem como de monitoramento, vigilância e ações de biosseguridade são ferramentas indicadas para a contenção do vírus. O Plano de Contingência de Influenza Aviária do Ministério da Agricultura proíbe a vacinação contra a influenza aviária no Brasil, salvo exceções: “em casos de ocorrência de foco, e para sua contenção, poderá ser utilizada a vacina na zona de proteção e vigilância”.
— Apoiamos os estudos (relacionados à imunização). No momento, trabalhamos na erradicação da influenza em aves migratórias. Depois, se o mundo alcançar e tivermos a concepção de que é uma situação inevitável, podemos repensar. Hoje, o setor busca com cautela a erradicação e seguir acompanhando o que se vem fazendo — acrescenta José Eduardo dos Santos, presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav).
Fonte: Zero Hora
Créditos da Imagem: Fábio Gomes / Especial