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Clima impacta exportação gaúcha de frango em 2023
09/01/2024

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Enquanto o Brasil bate recorde nos embarques de carne e derivados, com alta de 6,6%, indústrias gaúchas amargam retração de 2,13%

Enquanto o Brasil bate recorde anual na exportação de carne de frango e derivados em 2023, o Rio Grande do Sul figura como o único estado a registrar queda no volume embarcado no período. Conforme a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), as indústrias gaúchas embarcaram 739 mil toneladas dos produtos in natura e processados e fecharam os doze meses com recuo de 2,13% ante 2022. O Brasil embarcou 5,13 milhões de toneladas de janeiro a dezembro do ano passado, alta de 6,6% sobre os 4,822 milhões de toneladas do ano anterior). A receita total fechou em 9,79 bilhões de dólares, mais 0,4% que o faturamento do ano anterior.

O presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) José Eduardo dos Santos, reconhece que o resultado “não estava nas previsões” da entidade. Entretanto, explica que os números foram duramente impactados pelas enchentes, especialmente nas regiões produtoras, como no Vale do Taquari. “Depois de setembro, tivemos questões climáticas, que afetaram a logística das indústrias, especialmente das que exportam para outras filiais e outros estados”, analisa. O executivo ainda pontua dificuldades econômicas enfrentadas por tradicionais exportadoras, como a Languiru, que não mais participa das vendas.

O preço do milho também pesou no bolso do avicultor. Após três estiagens, que reduziram drasticamente a produção gaúcha do grão, o setor precisou buscar alimento para os animais em outros estados e, até mesmo, no exterior. “Tínhamos tudo para fechar o ano passado com um crescimento entre 2% e 3%, acompanhando o nível Brasil, que encerrou com alta entre 5% e 6%. Mas, além do clima, fomos afetados pelo custo de produção no Estado, que é o mais alto em comparação com os dos principais estados produtores” relata Santos.

O saldo coloca o Rio Grande do Sul na terceira posição entre os estados exportadores. O líder de 2023 foi o Paraná, que comercializou 2,08 milhões de toneladas de cortes e derivados. O volume supera em quase 10% o resultado de 2022. Em seguida, ficou Santa Catarina, que totalizou 1,10 milhão de toneladas (+ 8,48% sob a mesma base comparativa). Na quarta posição, está São Paulo (+6,32%) e, na quinta, o estado de Goiás (+21,3%).

O presidente da ABPA, Ricardo Santin, lembra que essa foi a primeira vez que o Brasil exportou mais de 5 milhões de toneladas. “Os resultados (...) atestam a confiança do mundo no trabalho de excelência em biosseguridade executado pelas empresas do setor, com o apoio do Ministério da Agricultura e das secretarias estaduais e municipais de agricultura, o que permitiu ao país continuar livre de influenza aviária”, destaca.

Asgav mira em novos mercados

O presidente da Asgav, José Eduardo dos Santos, aposta na conquista de novos mercados e na recuperação da safra gaúcha de milho, após três estiagens seguidas. Mesmo que o fenômeno El Niño, que deve seguir até meados de abril, traga bastante chuva e ocasione perdas devido a doenças, a estimativa é de que o custo com o grão para a alimentação animal não onere tanto o bolso do avicultor. “Acredito que tenhamos uma produção de milho considerável”, projeta.

No mercado internacional, o executivo destaca as negociações das indústrias com a China, tradicional comprador dos produtos avícolas gaúchos. “Contiuamos nos apresentando para ampliar na China, mas também miramos em outros mercados”, declara. “O Rio Grande do Sul tem condições de se recuperar. Já passamos por situações piores, como na época da greve dos caminhoneiros e na pandemia de Covid-19”, lembra. “De 2020 para 2021, caímos quase 200 mil toneladas. Temos potencial para recuperar”, garante.

Fonte: Correio do Povo
Créditos da Imagem: Banco de Imagens ASGAV