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Cepea estima crescimento de 1,39% para avicultura neste ano
06/03/2019
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Batalhador, persistente, que acredita no próprio bom trabalho que vem sendo feito. Quer jeito melhor de descrever o avicultor brasileiro? Entra ano, acaba ano e o produtor continua enfrentando altos e baixos da produção avícola. Doenças, fechamento de mercados, escândalos. Estes são alguns dos problemas que o produtor enfrenta todos os dias, e mesmo assim oferece ao mercado o melhor frango, que, inclusive, conquistou o mercado mundial.
E é razoável dizer que 2018 não foi um ano tão positivo para a avicultura nacional. Dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), apresentados em dezembro, mostram que a produção de frangos de corte no Brasil caiu 1,7%. No caso das exportações não foi muito diferente, já que houve queda de 5,1% em relação ao ano anterior.
Mesmo que estes números possam parecer desanimadores de início, informações coletadas pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) e apresentadas em janeiro mostram que as perspectivas para 2019 são positivas no setor. A expectativa é que haja uma recuperação da avicultura, isso devido a menor pressão vinda dos principais insumos da atividade, como o milho e o farelo de soja, e a intensificação do escoamento da carne de frango aos mercados doméstico e externo.
No caso dos insumos, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que o Brasil deve ter uma alta de 12,9% na produção de milho da safra 2018/19 frente à safra anterior, segundo dados de janeiro. Quanto ao farelo de soja, a expectativa é de que a produção avance 4,09%. Segundo o Cepea, este cenário, por sua vez, poderia pressionar os valores desses insumos e, consequentemente, reduzir os custos de produção do avicultor. "Vale ressaltar, contudo, que a disponibilidade doméstica do milho e do farelo de soja vai depender da atratividade das exportações. Com isso, os produtores devem ficar atentos à relação comercial entre a China e os Estados Unidos, que tem influenciado significativamente o mercado de grãos brasileiro", alerta o Centro de Estudos.
Mais demanda
Além dos custos de produção sinalizarem uma melhora para 2019, o setor aguarda um aquecimento da demanda, prevê o Cepea. "No Brasil, o consumo de proteínas, incluindo a de frango, deve ser incrementado pela conjuntura macroeconômica", revela. Segundo expectativas do Banco Central, o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer 2,55% em 2019 (Boletim Focus de 28 de dezembro), o que tende a aumentar o poder aquisitivo dos brasileiros, favorecendo o consumo de produtos com maior valor agregado, como é o caso das carnes. "A demanda pela proteína de frango deve, ainda, ser favorecida pelo fato de essa carne ser tradicionalmente mais barata que as principais substitutas", informa.
Além do mais, de acordo com a ABPA, o alojamento de matrizes em 2018 indica uma oferta moderada de carne de frango em 2019. A expectativa é que o ritmo de produção deste ano seja 1,39% superior, alcançando produção de 13,2 milhões de toneladas de frango. A expectativa da Associação também é grande com relação ao novo governo. No fim de novembro, a ABPA apresentou ao Grupo de Transição da Presidência da República um documento com demandas da avicultura e da suinocultura. Entre os pontos abordados no documento estiveram a desburocratização no processo de habilitação de plantas frigoríficas, o fim do estabelecimento do frete mínimo, a melhoria da infraestrutura logística, o fortalecimento da segura nas estradas contra o roubo de cargas e a realização de acordos internacionais.
No mercado internacional
Já quanto ao que esperar do mercado internacional para 2019, as projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam que o Brasil deve exportar 3,8 milhões de toneladas de carne de frango em 2019, alta de 2,4% frente ao volume de 2018. "O mercado global de carnes deve se intensificar com o crescimento econômico esperado para países em desenvolvimento. Essas nações demandantes devem registrar aumento na produção doméstica, mas de forma insuficiente para atender ao consumo interno", informa o Cepea.
Nesse contexto, continua, em 2019 o Brasil deve ampliar as vendas para países que por enquanto não figuram entre os principais importadores nacionais, como é o caso do Chile. Além do mais, desde que as questões políticas não interfiram na relação comercial entre o Brasil e países árabes, a expectativa é de que as vendas à Arábia Saudita se recuperem neste ano após a retração em 2018, uma vez que os frigoríficos brasileiros vêm se adequando às novas exigências para o abate halal.
Para o Cepea, de maneira geral, o setor exportador brasileiro deve se atentar às questões comerciais com a China e União Europeia. Em 2018, o governo chinês impôs tarifas antidumping à carne de frango brasileira e a União Europeia descredenciou frigoríficos habilitados a exportar ao bloco. Mesmo com as sobretaxas, o Brasil ampliou o volume vendido à China, informa.
Fonte: O Presente Rural
Créditos da Imagem: O Presente Rural