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Brasil se mobiliza para evitar a gripe aviária
27/01/2017

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As aves migratórias e o grande fluxo mundial de pessoas são duas ameaças potenciais à sanidade nos aviários gaúchos. Com registro de Influenza Aviária distante apenas 2 mil quilômetros do Estado, entidades ligadas à avicultura, empresários, governos estadual e federal estiveram reunidos, nesta quinta-feira na Capital, no Hotel Embaixador, para falar sobre o tema.

Apesar de o seminário ter como foco a prevenção, já que o Brasil nunca registrou casos da doença, problemas como o possível impacto econômico e a pouca capacidade de diagnóstico pelos laboratório nacionais, privados e federais, entraram na pauta. "Na Ásia, a doença sempre esteve. Avançou para a Europa, chegou ao Chile e ao nosso continente. A doença teria chegado por meio de patos, em Valparaíso. Agora, há rumores de registro nos Estados Unido.

Inicialmente, o Chile tentou mascarar a doença e não divulgava dados muito precisos. Mas agora mostra agilidade em combater os focos. Além do abate já feito de 150 mil perus, as autoridades locais estão abatendo mais 200 mil aves nos próximos dias, em um trabalho rápido para estancar o problema", elogiou o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, confessando, porém, que teme o avanço da doença para o Brasil.

Para o executivo, o medo não deve causar alarde no Estado, mas servir como alerta para reforçar os cuidados, evitar missões estrangeiras nos aviários e unidades produtivas, e aproximar ações de governos e até mesmo de países. "Fomos procurados pelo Uruguai para repassar a eles nossas experiência de controles. Por que vamos ao Uruguai? Porque, para lembrar, foi via um país, o Paraguai, por exemplo, que a febre aftosa chegou ao Rio Grande do Sul há 10 anos. Quanto mais controles o Uruguai tiver sobre a doença, melhor também para o Brasil", esclarece Turra.

O presidente da ABPA, na defesa da prevenção, não se furta nem mesmo de pensar em bioterrorismo. Como é o maior exportador mundial de carne de frango e o único grande produtor a nunca ter registrado a doença, o Brasil poderia ser alvo de uma ação voluntária de contaminação, alerta o executivo. "Não se pode descartar que quem está sendo prejudicado pela doença queira o mesmo para o Brasil", alerta o executivo.

Presidente da Câmara de Sanidade e Produção da ABPA, Nelva Grando, consultora técnica da BRF, retratou a rapidez com que um viajante que sai dos Estados Unidos pode facilmente trazer o vírus ao Brasil em seu calçado, por exemplo. Apesar de não ter registro oficial da Influenza neste ano, em 2015, foram abatidos 48 milhões de aves em território americano para conter o avanço da doença. "Em 18 horas, um americano pode sair de seus país e estar dentro de uma unidade produtora no interior de Goiás.

Em 18h, caso ele carregue o vírus no sapato, após ter pisado em fezes de algum animal contaminado, ainda estará ativo ao chegar nessa propriedade", alerta Nelva. É para se precaver dos riscos impostos por aves migratórias que o governo do Rio Grande do Sul prepara um missão técnica às regiões do Taim e da Lagoa dos Patos, dois grandes sítios de aves migratórias. A viagem deve ocorrer em fevereiro, de acordo com Marcelo Göcks, chefe da Divisão de Defesa sanitária Animal da Secretaria da Agricultura.

Por falta de estrutura, diagnóstico rápido passa a ser desafio para combater a ameaça Para a presidente da Câmara de Sanidade e Produção da ABPA, Nelva Grando, uma das fragilidades latentes do Brasil é a baixa capacidade de realizar diagnósticos em pouco tempo. Sem isso, o combate atrasa e a disseminação pode ocorrer de forma acelerada.

"Hoje, com a estrutura laboratorial que temos, entre a suspeita e o diagnóstico, um total de nove estados poderia ser afetado, já que há circulação de descartes (aves vivas enviadas para abate fora do estado de origem), o que é um absurdo sanitário. Os estados têm que ser autossuficiente neste quesito para evitar a circulação dessas animais pelas estradas", alerta Nelva.

Coordenadora do Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro) no Estado, Priscila Moser também alerta para a carência de material para realização de testes no Rio Grande do Sul. "O material necessário para o diagnóstico é importado e precisa de determinado tempo para entrega. Se surgir uma emergência, não teremos com atender com a agilidade necessária", revela Priscila.


Fonte: Jornal do Comércio  - Thiago Copetti