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Asgav lança o Ovos Plus Quality, programa de certificação para granjas gaúchas
26/01/2021
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Entidade reuniu a imprensa especializada, técnicos e consultores em videoconferência no dia 20 de janeiro; é mais um grande passo na busca pela qualidade na postura.
E o Rio Grande do Sul vai dando mais exemplos de que é possível avançar na busca pela qualidade na produção de ovos. Os passos seguros da certificação de ovos ganharam um contorno ainda mais nítido com o lançamento do Ovos Plus Quality, programa de certificação montado pela Asgav, a Associação Gaúcha de Avicultura, em parceria com o Senai e apoio de entidades oficiais de fomento à pesquisa. O presidente executivo da entidade e coordenador do Programa Ovos RS, José Eduardo dos Santos, foi o anfitrião da videoconferência realizada no dia 20 de janeiro, quando a equipe Asgav apresentou à imprensa especializada e técnicos do segmento de postura as linhas gerais do ousado programa de certificação de ovos do Rio Grande do Sul.
Visivelmente orgulhoso pela nova etapa cumprida – e foram várias, desde que a entidade lançou o projeto, em 2019 -, o executivo José Eduardo dos Santos expressou sua satisfação em lançar ao segmento o programa conduzido pela entidade que levará ainda maior aprimoramento à qualidade no setor de produção de ovos gaúcho. Santos salientou a importância desse programa para a evolução da avicultura de postura como um todo no país e o quanto ele é necessário para que o segmento ganhe cada vez mais patamares expressivos tanto no Rio Grande do Sul quanto em todo o Brasil.
O executivo destacou também o trabalho metódico e resolutivo do Programa e seus desdobramentos em busca da qualidade na produção de ovos. “Coube a nós criar a certificadora, não com o propósito de competição – sabemos que tem outras atendendo o setor -, mas com o propósito de nos anteciparmos e dar condições para o nosso produtor de desenvolver essa atividade com o máximo de segurança e orientação possível”, destacou, demonstrando: “Elaboramos com todo o cuidado essa certificadora no sentido de dar esse amparo para o produtor nas mudanças que estão acontecendo, nas mudanças que vão acontecer e vão se intensificar cada vez mais. É uma ferramenta para dar apoio técnico, científico e institucional ao avicultor.”
Desde o lançamento da ideia, o projeto seguiu etapas em busca de debater o melhor formato para o programa de certificação. O primeiro passo foi a formação de um comitê técnico-consultivo. “Isso para desenvolver a matriz de diretrizes, de regulamentos, e todo um trabalho estruturado para obter a credibilidade de uma proposta institucional que tem compromisso, principalmente, com o produtor, de oferecer uma estrutura à disposição do nosso setor de produção de ovos”, explicou o anfitrião da videoconferência.
Ressaltando que a adesão à certificadora é voluntária, Eduardo demonstrou que o caminho a percorrer tem etapas que serão ajustadas conforme houver necessidade. “Nós vamos ligar a chave e ver se esse motor está ajustado, se o sistema está funcionando. E, com certeza, vamos ter ajustes durante o ano, para cada vez mais tornar essa ferramenta eficaz”. Tudo isso para atender à evolução do segmento, que é dinâmico e contará sempre com atualizações. Também destacou o importante trabalho de parceria do Senai, que, com seu embasamento técnico e especializado em certificação, agregou ainda mais confiabilidade ao projeto que está sendo disponibilizado ao setor de ovos.
“De fato, a construção do programa de certificação exigiu muita dedicação durante 2020 para chegarmos a esse produto”, confirmou Rafaela Laimer, do Senai. Bastante satisfeita com o resultado obtido, ela também se disse gratificada com o reconhecimento e confiança da Asgav e a credibilidade de acreditar na ideia para construir esse selo de certificação. “Acreditamos no produto e temos a certeza de que ele é um indutor para garantir qualidade, para reconhecer os processos produtivos”. E concluiu: “O programa foi criado e realizado com muito estudo; agora vamos colocá-lo na prática e, em cima disso, estarmos continuamente aprimorando e ajustando o que ainda for necessário mas, tenho certeza de que ele vem contribuir muito com a indústria produtiva de ovos.”
A APRESENTAÇÃO TÉCNICA
A parte técnica do programa foi apresentada, em linhas gerais, pela zootecnista Raquel Melchior, consultoria do Programa Ovos RS que deu início a sua apresentação dinâmica do programa mostrando o selo que irá nas embalagens dos estabelecimentos certificados. Raquel lembrou que o programa é uma evolução do Programa Ovos RS, que está ativo desde 2012 e foi sendo incrementado e evoluindo ao longo dos anos.
“O Programa Plus Quality foi construído a partir dessas experiências e vem sendo trabalhado desde 2018, quando começamos a estudar. Em 2019 estudamos a fundo as legislações e regras para um programa de certificação e também todas as etapas de alinhamento com o Senai, nosso parceiro e que nos deu o suporte técnico e operacional necessário para a construção do programa”, afirmou, lembrando que ao longo de 2020 foram feitas as reuniões técnicas com o comitê consultivo, que conta com a participação de representantes de granjas, entidades, instituições e empresas.
Será o Instituto Senai de Mecatrônica que executará as auditorias, as avaliações nas granjas por meio de auditores que foram previamente capacitados. O Instituto Senai possui a creditação do Inmetro, segue regras rigorosas para a realização dessas avaliações e é o organismo dessa instituição que dará credibilidade necessária ao processo de avaliação dos estabelecimentos, segundo informou a consultora técnica.
Raquel explicou que a adesão ao programa é totalmente voluntária. “Será por adesão do produtor que tiver interesse em diferenciar e valorizar seus produtos, observando as práticas produtivas que já estão instituídas no segmento de postura comercial, fazendo eventuais adaptações para atender aos nossos objetivos”, salientou. Ela também explicou que o Programa de Certificação Ovos Plus Quality vai avaliar o sistema de produção do avicultor como um todo, não só onde as aves estão alojadas, não só o produto ovo, mas todo o sistema, em cada detalhe, como o alojamento, água, alimentação, condições das aves, manejo... enfim, tudo que envolve a produção da granja. “Também vai informar o consumidor sobre os diversos sistemas produtivos e o produto que ele está adquirindo, para mostrar como é produzido o ovo que o consumidor está adquirindo”, destacou.
Raquel reafirmou o compromisso com a qualidade ao criar o programa. “Nosso objetivo geral é certificar boas práticas de produção, bem-estar animal, respeito às normas vigentes para cada sistema de criação, rastreabilidade, qualidade e inocuidade de ovos de galinha e de codorna produzidos e comercializados in natura, visando expandir o mercado brasileiro de ovos, em especial para o mercado externo”. Nesse sentido, a zootecnista demonstrou que a certificação pode ser feita no sistema convencional (aves em gaiola), “desde que esse sistema respeite a densidade de alojamento que estamos propondo, além de outros critérios associados para garantir condições mínimas de bem-estar a essas aves.”
Também serão certificadas criações cage free (com aves livres de gaiola), produção free range (nas quais as aves acessam a área externa), a produção caipira (na qual a ave acessa a área externa e respeita todos os critérios de alimentação previstas nas normas técnicas da ABNT) e a produção de ovos de codorna, tanto as criadas em gaiolas como as criadas soltas.
Em relação à produção de ovos orgânicos, o programa ainda não possui os requisitos necessários para certificar, mas oferecerá o serviço de consultoria para aqueles que desejarem uma orientação.
O BEM-ESTAR ANIMAL NO PROGRAMA
O bem-estar animal também está elencado nos critérios do programa de certificação da Asgav. Raquel explicou: “Vamos seguir o texto da OIE para compor o capítulo específico para bem-estar de aves, que prevê critérios, entre outros, como a biosseguridade, alojamento, práticas de manejo, treinamento das pessoas que manejam as aves, avaliação dos registros, condições de plumagem, conformação óssea, entre outros”. A consultora ressaltou que precisam ser conferidas condições mínimas de bem-estar, mesmo que as aves sejam criadas em gaiola.
Também serão considerados itens polêmicos, como a muda forçada e o tratamento de bico. No caso do primeiro item, a prática só será tolerada no sistema convencional de produção “e, ainda assim” – destacou Raquel -, “mediante uma série de critérios mínimos de bem-estar das aves”. A prática, por sua vez, poderá ser revista e proibida para esse sistema de certificação a qualquer momento, acompanhando as normas nacionais e mundiais que possam ser publicadas”, salientou.
“Em relação ao tratamento do bico, que é outra prática bastante questionável do ponto de vista de bem-estar, estamos trabalhando com um escore definido pela Embrapa e optamos por proibir aparas do bico; e todo o tratamento do bico das aves também deverá ter uma série de critérios que deverão ser escritos e comprovados pelo estabelecimento para que seja aceito”, fez questão de frisar.
PROCESSO E DOCUMENTAÇÃO
Em relação ao processo de certificação em si, Raquel mostrou que o programa vai fornecer todos os materiais técnicos ao produtor interessado. Segundo ela, o processo de avaliação dos estabelecimentos será composto por uma avaliação de documentos e também in loco e será conduzida pelos auditores independentes. Uma vez aprovado o estabelecimento, ele vai interagir com o programa Plus Quality para construir suas embalagens com o selo de identificação de conformidade e para que seja realizado todo um trabalho de marketing e comunicação, valorizando o produto e que esse estabelecimento também tenha condições de realizar suas próprias peças de marketing.
“Faremos também um monitoramento das condições dos produtos certificados nos postos de venda”, indicou a consultora, lembrando que esse processo já é realizado dentro do Programa Ovos RS. O procedimento é necessário para observar como os ovos oriundos de estabelecimentos avaliados chegam ao consumidor. “Também teremos um serviço de SAC e comunicação com consumidores e serviço oficial para avaliar e tomar ações frente a não-conformidades ou qualquer prática crítica que possa ser observada de desrespeito ao consumidor ou desrespeito a alguma normativa”, emendou.
Os produtores de ovos que estiverem interessados em aderir ao programa podem entrar, por enquanto, no site do Programa Ovos RS, mas a Asgav já informou, durante a videoconferência, que está sendo construído um site exclusivo para o Programa Ovos Plus Quality. O novo site terá áreas específicas para os produtores se informarem sobre as etapas de certificação e compreenderem o passo a passo do processo. E uma área em que o estabelecimento possa acessar para simular os valores do processo de certificação. “Definimos três categorias de valores para estabelecimentos interessados, um deles exclusivo para granjas que já estão no Programa Ovos RS, com um subsídio da Asgav no primeiro momento, e valores exclusivos para aqueles estabelecimentos interessados em certificar com a Asgav, podendo inclusive ser de outros estados”, destacou Raquel.
José Eduardo dos Santos lembrou, ao final da apresentação de Raquel, que os custos para adesão ao programa de certificação serão inferiores aos praticados no mercado hoje, sendo esse, segundo ele, um dos diferenciais do Ovos Plus Quality. Outro diferencial é a certificação dos diversos sistemas de produção, sempre considerando os itens da OIE para o bem-estar animal.
“A certificação também ajudará as granjas que buscam recursos junto a instituições e bancos e que queiram participar de processos públicos”, indicou o executivo, informando que os produtores e técnicos de granjas poderão ter mais detalhes e ficar por dentro do programa de certificação durante um evento específico que a Asgav está organizando. O evento híbrido – on line e presencial – acontecerá nos dias 25 e 26 de fevereiro, em local a ser definido.
Presente à videoconferência da Asgav, a diretora do Instituto Ovos Brasil, Tabatha Lacerda, parabenizou a todos pela conquista desse programa de certificação, lembrando o desafio que representa buscar a qualificação para o setor e o quanto isso é positivo para revestir com qualidade o mercado de ovos. “É bonito saber que isso partiu do próprio setor. A gente gostaria de ajudar e levar para mais lugares. Se conseguirmos, pode ser um passo importante para as outras entidades estaduais seguirem o modelo”, indicou a diretora, disposta a discutir o tema com os diretores do IOB e da Asgav na busca pela difusão de mais esse conhecimento junto a toda a cadeia avícola de postura do país.
Fonte: A Hora do Ovo
Créditos de Imagem: Banco de Imagens ASGAV