Nas próximas três décadas, o mundo terá 2,2 bilhões de pessoas a mais. Com o aumento da população, cresce também a demanda por alimentos - cuja produção deve subir em até 70%. São números que impressionam e indicam uma oportunidade riquíssima para o Brasil, o grande celeiro global. Seremos responsáveis por mais de 40% de tudo o que se come até 2029. Mas será que estamos preparados para os desafios desse novo momento?

A julgar pela qualidade, eficiência e nível de tecnologia e inovação de nosso agronegócio, não há dúvida. Da porteira para dentro, somos referência mundial - desbancando economias poderosas sob diversos aspectos. Por exemplo: no atual ritmo, em 20 anos, conseguiremos dobrar a produtividade no agro em relação aos Estados Unidos.

Mas ainda há pontos a mudar. Um deles é cultural: existe um preconceito no país contra empresários. É um desdém histórico, que se reflete em acusações, desconfianças e todo tipo de desincentivo. Diante desse clima, com um mundo cada vez mais competititvo, como podemos sonhar em expandir?

Criar uma cultura de valorização ao empreendedor é um primeiro passo. Mas temos de ir adiante, com ações concretas de fomento aos negócios.

O setor vê com bons olhos as reformas estruturantes prometidas pelo novo governo, que parecem avançar em ritmo ágil. É condição básica para a retomada do crescimento econômico.

No cenário internacional, ainda é fácil bater no Brasil - que não tem poder ou tradição de retaliar. Mesmo sendo potência global na agropecuária, nossa representatividade internacional ainda é pequena. Mudar esse cenário é possível com acordos bilaterais inteligentes, menos taxação e burocracia, além de maior coordenação entre o público e o privado. Por fim, devemos impor a soberania nacional de igual para igual - afinal, países não têm amigos, têm interesses.

Mais do que abrir mercados, temos o desafio de mantê-los. Somente em exportação de carne de frango, abrimos as portas para 160 países. Para que elas sigam abertas, precisamos fortalecer nossa imagem, preservando a reputação de qie produzimos bem e com qualidade. O agro deve ser reforçado como um ativo estratégico de nosso país - sendo uma das principais alavancas para o desenvolvimento do Brasil.

Fonte: Jornal Zero Hora - Publicado em 07/03/2019