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Agronegócio tem recuperação mais veloz do emprego
03/01/2022
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Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) sinalizam que as atividades ligadas ao campo já superaram o nível de empregos do pré-pandemia, levando em consideração vagas formais e informais. No terceiro trimestre de 2021, a população ocupada na agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura chegou a 9 milhões --o número representa um avanço de 574 mil postos frente ao terceiro trimestre de 2019 (8,5 milhões), antes da crise sanitária.
Em termos percentuais, o crescimento no período foi de 6,8%. É o maior na lista de dez atividades analisadas pelo IBGE. Os dados integram a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua).
Fora as atividades relacionadas ao campo, apenas o setor de construção e o ramo de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas tiveram aumento da população ocupada no mesmo período. As altas foram de 2,5% e 2,9%, respectivamente --resultados inferiores aos registrados no campo.
Além de liderar o ritmo de geração de empregos, o agronegócio também está ficando mais jovem e escolarizado, segundo um levantamento exclusivo da consultoria IDados, também a partir da Pnad Contínua: o total de trabalhadores rurais com até 29 anos é o mais alto desde 2015. No terceiro trimestre de 2021, eles eram 2,2 milhões.
Em número de trabalhadores, o grupo ainda é menor do que o das demais faixas etárias, mas foi o que mais cresceu na comparação com antes da pandemia, com aumento de 16% em relação ao início de 2019.
Apesar de ainda serem minoria, os trabalhadores rurais com ensino superior incompleto ou mais dobraram nos últimos nove anos, em patamar recorde. Eles eram 189,8 mil no terceiro trimestre de 2012. No mesmo período de 2021, já somavam 389,8 mil, ainda de acordo com os dados do IBGE.
O pesquisador Felippe Serigati, do centro de estudos FGV Agro, avalia que a criação de vagas no campo reflete um conjunto de fatores. Um dos principais é o fato de atividades como agricultura e pecuária não terem parado de operar durante a pandemia.
Restrições adotadas para frear o coronavírus atingiram mais setores como comércio e serviços, com grande peso em centros urbanos e dependentes da circulação de consumidores.
Além disso, a demanda por alimentos ficou aquecida durante a crise sanitária, incentivando contratações de trabalhadores no campo, diz o pesquisador.
"Em 2021, o Brasil teve seca e geadas e, com isso, houve quebra de safra. Mas o investimento já estava feito. A mão de obra já havia sido contratada", aponta.
A pesquisadora Nicole Rennó, do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), tem opinião semelhante. Segundo ela, a demanda aquecida e os preços em alta por produtos da agropecuária colaboraram para o aumento da população ocupada na pandemia.
"Os preços altos, que são o principal elemento da conjuntura, favorecem os empregos. O avanço superou o que era necessário para uma recuperação", afirma.
Sobre o aumento do número de empregados rurais com ensino superior, o pesquisador da IDados e também da FGV Bruno Ottoni diz que não é possível medir se isso se deve pela atração de universitários ao campo ou pelo aumento da escolaridade dos moradores dessas regiões. Mas é provável que os dois movimentos estejam ocorrendo.
"É importante observar que o campo é um dos setores que mais perderam mão de obra ao longo da história, por causa do processo de mecanização, que vai se acentuar. As novas gerações de trabalhadores rurais terão de ser mais treinadas para essa realidade também."
Fonte: Agência Folhapress
Créditos da Imagem: WENDERSON ARAUJO/CNA/DIVULGAÇÃO/JC