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Agricultor Gaúcho de Olho no Fed
21/09/2016

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A decisão a ser tomada hoje pelo Fed, o banco central americano, de elevar ou manter o juro nos EUA, monopoliza a atenção do mercado financeiro global e também pode trazer reflexos para os agricultores gaúchos. Qualquer que seja a decisão vai mexer com bolsas mundo afora e com o câmbio. Para quem planta soja, a torcida é pela hipótese de elevação da taxa, o que teria o potencial de fazer o dólar subir, melhorando a cotação do grãos em reais e destravando o mercado, principalmente da safra 2016/2017.

– Se os Estados Unidos subirem o juro, o dólar poderia chegar no curto prazo a R$ 3,40 ou R$ 3,50 e a soja brasileira voltar a ganhar competitividade no mercado internacional. Os negócios hoje estão bem parados – observa Luiz Fernando Gutierrez Roque, analista de mercado da consultoria Safras & Mercado.

Com o início da safra nos EUA, a soja americana fica hoje mais barata para os compradores internacionais. Com uma possível alta do câmbio, porém, a disputa poderia ser maior. Vale lembrar, entretanto, que a maior parte das apostas é de que o Fed não vai mexer no juro por enquanto, à espera de dados mais consistentes da economia dos EUA e inflação mais alta.

Da safra 2015/2016, há pouca soja disponível para exportação. Por isso, o principal reflexo poderia ser reaquecer os negócios antecipados do ciclo 2016/2017, e não o físico.

– O mercado futuro está muito lento. Não temos nenhum negócio novo, no Rio Grande do Sul e no Brasil, desde o final de julho – acrescenta o consultor de mercado Carlos Cogo, que, de qualquer forma, não acredita um dólar abaixo de R$ 3 devido ao crescimento da desconfiança do mercado financeiro com o governo Michel Temer.

Dados da Safras & Mercado indicam que, no Rio Grande do Sul, apenas 20% da safra 2016/2017 já foi comercializada. No caso do grão colhido este ano, o percentual alcança 80%.

O juro nos Estados Unidos está hoje entre 0,25% e 0,5% ao ano. A última elevação ocorreu no final de 2015 e as apostas se centram na possibilidade de a taxa subir apenas no final do ano. Com o aperto, dólares aplicados em investimentos de maior risco, como ações, ou alocado em países emergentes, a exemplo do Brasil, tenderiam a ser carreados de volta aos EUA atrás de opções consideradas mais seguras, e com remuneração um pouco melhor, como os títulos públicos americanos.

Fonte: Zero Hora