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A taxa de câmbio no primeiro mês de 2023
06/02/2023

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A taxa de câmbio no primeiro mês de 2023

A apreciação cambial, vista desde o início de 2023, tem por motivo fatores relacionados ao mercado interno e ao externo. Quaisquer movimentos que possam afetar a taxa de juros são precificados no câmbio hoje.

Tratando-se sobre o mercado interno, duas forças agem diretamente sobre o câmbio. Se, por um lado, a manutenção da taxa Selic em patamar elevado age como peso à taxa de câmbio, o ruído advindo da política doméstica, por outro lado, age como empuxo. Visto que o aumento do prêmio de risco tende a pressionar a cotação do Dólar.

Na última leitura do IPCA, itens que historicamente são mais rígidos apresentaram descompressão significativa. Em contrapartida, a atividade econômica passou a dar sinais de desaquecimento: o Índice de Atividade do Banco Central (IBC-BR) apresentou queda na margem nas últimas quatro divulgações. Esse efeito adverso, de combate à inflação, encaminhava a possibilidade de início de corte da Selic ao final do segundo semestre. No entanto, o montante de recursos cedidos pelo governo com a PEC da transição, somado a discursos de oposição à autonomia do BC e às metas de inflação, acabaram por deteriorar as expectativas. Que, por sua vez, pressionaram o BC a agir e adotar um tom mais duro em seu comunicado, alertando para uma Selic a 13,75% a.a. por um período mais longo.

A melhora no ambiente externo, superior ao que se esperava no final do ano passado, mostra-se, em 2023, como o predominante para explicar a repentina valorização do Real. No oriente, a reabertura chinesa, após o término das políticas de covid-zero, traz novo ânimo global, principalmente às economias que são grandes exportadores para China. Maiores exportações estão relacionadas a maiores entradas de divisas na economia brasileira (apreciação cambial). No ocidente, expectativas de taxa de juros maiores parecem estar arrefecendo, conforme as taxas de inflação voltam ao controle dos BCs. O FED, em sua última reunião, apontou aumento de 0,25 p.p. em sua taxa de juros, em linha com a desaceleração da inflação dos EUA. Embora a taxa de desemprego tenha ficado abaixo das expectativas na divulgação feita na sexta-feira, o que posteriormente pode pressionar o câmbio brasileiro (expectativas de taxas de juro externas maiores).

A apreciação do Real poderia ser maior caso o governo adotasse um tom mais responsável, em termos fiscais, e mostrasse maior respeito à autonomia das instituições de Estado. Indo por essa via, o ruído em torno das expectativas arrefeceria, trazendo maior previsibilidade e menores riscos.

Fonte: FIERGS