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A participação dos industrializados nas exportações de carne de frango do Brasil e da Tailândia
04/06/2025

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Matéria da Reuters reproduzida pelo AviSite na última segunda-feira (2/6), mostrou que a avicultura tailandesa, frente ao caso de IAAP no Brasil e já contando com custos de produção menores, espera agora aumentar suas exportações de carne de frango.

Porém, o que ressalta na reportagem é a informação de que mais da metade das exportações de carne de frango da Tailândia vem correspondendo a produtos processados, desempenho que possibilita ao setor aproveitar “a crescente demanda por frango pronto para consumo”. E aí vem a observação contundente: “no Brasil esse índice é de 2,5% [do total exportado]”.

Não há dados específicos sobre o volume de processados exportados pela avicultura tailandesa (são “mais da metade”). Mas supondo que representem 50% das exportações e considerando o volume total exportado por aquele país em 2024 – cerca de 1,150 milhão de toneladas, conforme o USDA – tem-se volume médio mensal em torno das 48 mil toneladas.

No Brasil, em 2024, a participação dos processados (por aqui identificados, pela nomenclatura técnica, como industrializados) acabou ficando ligeiramente aquém dos 2,5% apontados pelos tailandeses. Mais exatamente, situou-se em 2,38%. E correspondeu a um total anual de, aproximadamente, 123 mil toneladas – média de 10.250 toneladas mensais ou um quinto do que exporta a Tailândia.

No entanto, as exportações brasileiras de industrializados já foram bem maiores. Dezoito anos atrás, por exemplo, chegaram a superar, em um único mês, as 18 mil toneladas. Representaram, então, 6% do volume total exportado (pouco mais de 300 mil toneladas/mês). Mas, desde então, enquanto o total exportado permaneceu em evolução quase contínua, a participação dos industrializados entrou em retrocesso, só se estabilizando (com participação abaixo de 2,5%) nos últimos 7-8 anos.

Entre 2006 (quando foi registrada participação recorde dos industrializados) e 2024 as exportações brasileiras de carne de frango registraram aumento de 90%. Já a de industrializados diminuiu, recuando mais de 3%.

Se – como observam os líderes tailandeses – os industrializados atendem “a crescente demanda por frango pronto para consumo”, fica a pergunta: por que o líder mundial na exportação de carne de frango permanece ausente desse movimento?

Não tem muito a ver com a matéria. Mas não custa acrescentar que a elevada participação dos processados nas exportações tailandesas de carne de frango são decorrência direta da Influenza Aviária. Absurdo?

Crescendo a todo vapor, nos primeiros anos deste século as exportações de carne de frango da Tailândia vinham registrando índices de expansão superiores a 15% ao ano. Então, o país foi afetado por sucessivos surtos de Influenza Aviária que, mais do que a produção interna, dizimaram o sistema exportador de carne de frango.

Qual foi a solução? Investir na única porta que permanecia aberta às exportações: o produto termoprocessado. Foi assim que, paulatinamente, a Tailândia reconquistou o mercado externo. Nos últimos 20 anos (2004/2024) as exportações tailandesas de carne de frango aumentaram quase 500%. As brasileiras, pouco mais de 100%.

Fonte: AviSite

Créditos Banco de Imagem: Asgav