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A cadeia de suprimentos deixou de ser o maior entrave à indústria gaúcha
06/02/2023
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A Sondagem Industrial do RS, pesquisa de opinião empresarial divulgada pela FIERGS, segue mostrando desaceleração do setor no final do ano passado, mesmo com a normalização das cadeias de suprimentos.
O índice de produção industrial registrou 39,8 pontos em dezembro, o que indica redução da produção em relação a novembro. Apesar de reproduzir o padrão do período, a produção não cresce há quatro meses (três quedas e uma estabilidade).
O índice de emprego no mesmo mês foi de 44,9 pontos, o que também denota queda (normal para o mês) ante o mês anterior. Foi a terceira redução seguida, lembrando que o emprego cresceu ininterruptamente de julho 2020 a setembro de 2022.
Na mesmo sentido, a utilização da capacidade instalada (UCI) recuou para 67,0% em dezembro, o mais baixo patamar para o mês desde 2018, 4 p.p. a menos que novembro. Da mesma forma, o índice de UCI em relação ao nível usual de dezembro caiu 5,5 pontos ante novembro, para o menor valor desde junho de 2020: 40,4 pontos. Bem abaixo da marca de 50, que expressa o nível usual, o resultado é mais uma evidência de desaceleração da atividade em dezembro.
A Sondagem mostrou ainda que o excesso de estoques de produtos finais em dezembro foi menor que o de novembro. O índice de estoques em relação ao planejado pelas empresas caiu de 52,7 para 51,1 pontos no mesmo período. Os estoques estão ajustados quando o índice marca 50 pontos.
Os resultados relativos ao 4º trimestre 2022 indicaram que o desaquecimento do setor se refletiu na avaliação das empresas sobre suas condições financeiras. Aumentou a insatisfação com margem de lucro operacional – índice caiu de 48,7 no terceiro trimestre para 47,9 pontos no quarto – e diminuiu a satisfação com a situação financeira da empresa – índice caiu de 53,7 para 52,9 pontos. Os índices acima de 50 indicam satisfação, abaixo insatisfação.
O índice de evolução dos preços das matérias-primas subiu de 53,8 para 55,0 pontos, revelando uma aceleração no ritmo de crescimento dos preços no período. Nesse caso, valores acima de 50 representam aumento nos preços. Os empresários gaúchos também consideraram que o acesso ao crédito ficou mais difícil no último trimestre do ano passado. O indicador caiu de 43,2 para 40,5 pontos. Quanto mais abaixo de 50 mais difícil é o acesso.
Na opinião dos empresários gaúchos, quatro foram os principais problemas enfrentados pela indústria gaúcha no último trimestre de 2022. Com 34,1% das assinalações, a elevada carga tributária voltou a ser o maior entrave do setor, posição que não ocupava desde o 4º trimestre de 2019. A demanda interna insuficiente, apontada por 30,8% das empresas, foi o segundo maior obstáculo para as empresas, seguido pela taxa de juros elevada, assinalada por 29,7% dos respondentes (29,1% no trimestre anterior). No topo do ranking, do 3º trimestre de 2020 ao 3º trimestre de 2022, a falta ou alto custo das matérias-primas ficou na quarta posição, com 29,2% das respostas no 4º trimestre do ano passado. Não há registro de um obstáculo tão intenso e disseminado quanto esse, que, no seu ápice, chegou a atingir 75,1% das empresas no segundo trimestre de 2021. A insegurança jurídica, com 17,3% das respostas foi o quinto maior problema do último trimestre de 2022, chamando atenção, porém, pelo intenso crescimento de sua importância relativa: maior percentual da série iniciada em 2015 – cuja média é 6,4% – e 13,7 p.p. de alta nos dois últimos trimestres.
Depois do pessimismo que vigorou nos dois últimos meses do ano passado, as expectativas para os próximos seis meses melhoraram em janeiro de 2023 e demostraram um ligeiro otimismo (índices pouco acima dos 50 pontos). De fato, os empresários gaúchos voltaram a projetar crescimento da demanda (50,6 pontos), inclusive da externa (51,6 pontos), e estabilidade nas compras de matérias-primas (50,1 pontos). A esperada expansão da demanda, porém, não deve vir acompanhado de geração de postos de trabalho. Pelo contrário, a indústria projeta diminuí-los (48,1 pontos).
O índice de intenção de investimentos nos próximos seis meses, por fim, caiu de 52,0 para 50,6 pontos na virada do ano, valor inferior à média histórica de 51,2. Desde janeiro de 2017, a indústria não inicia o ano com tão baixa disposição de investir. Em janeiro de 2023, 51,9% das empresas pretendiam investir e 48,1% não sinalizavam tal pretensão.
Fonte: FIERGS