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Artigo "Sempre haverá datas para celebrar a liberdade e o amor!", por Alfeu Muratt, Assessor Jurídico SIPARGS
28/05/2021

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Alfeu Dipp Muratt - Assessor Jurídico do SIPARGS

No dia 17 de maio de 1990, a Organização Mundial da Saúde retirou a homossexualidade da classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde.

E o dia 17 de maio passou a celebrar o Dia Internacional contra a Homofobia.

A celebração transcende a postura da OMS, justamente pelo que está a simbolizar...

Liberdade!!!!

Sim, liberdade de ser diferente; liberdade para amar.

E a liberdade que eu desfruto, sem sofrer qualquer preconceito, termina todos os dias, um pouquinho, quando um ser humano que faz uma escolha diferente da minha é discriminado, em razão da escolha que fez!

Então me pergunto: que mundo é esse em que a liberdade de ser diferente precisa de uma data para ser lembrada e prestigiada?

Que homens são esses, que se dizem homens, mas não conseguem divisar naqueles que deles se distinguem, justamente pelas escolhas que fazem, a suprema igualdade de todos os homens?

Justamente a liberdade de ser e escolher o que melhor lhes aprouver!

Esse é o mundo que, em 2020, contava com 69 países criminalizando as relações homoafetivas.

Qual a razão para tanta intolerância e violência, nas suas mais diversas formas, relativamente àqueles que são “diferentes”, sejam eles homens, mulheres, católicos, protestantes, evangélicos, homossexuais, negros, índios, brancos, idosos, jovens, etc?

Será que a resposta está na afirmação de Trotman:

“A triste verdade sobre a intolerância é que a maioria das pessoas ou não percebem que eles são intolerantes, ou estão convencidos de que a intolerância está perfeitamente justificada” (Wayne Gerard Trotman).

Francamente, quer me parecer que a resposta está numa escolha simples, algo que a imensa maioria das pessoas pratica em relação às diferenças que a vida teima em nos apresentar: aversão ao que não lhe é igual ou familiar.

Isso é, ausência de empatia!

Desamor ...

Não há como enxergar amor, numa sociedade discriminatória como a em que vivemos, onde a mulher é diferente, o negro é diferente, o homossexual é diferente, o transexual é diferente. Diferente de quem traçou o modelo, porque tinha poder para ser o espelho e não o retratado, nas palavras da Ministra Carmen Lúcia, no julgamento em que o STF enquadrou a homofobia e a transfobia na lei de crimes de racismo.

Toda a discriminação é um atentado contra a liberdade, e a violência contra qualquer liberdade deveria ser deplorada por todos, independentemente de haver uma data que celebre ou afirme as diferenças entre os seres humanos.

Olhemos, então, para o nosso semelhante como semelhante que ele nos é, compreendendo que a nossa maior semelhança reside, justamente, na possibilidade de escolher, e no direito de fazer escolhas diferentes.

O meu amor escolheu Michelle, mas poderia ter escolhido Pedro e ainda assim seria amor.

Antoine Jean-Baptiste Marie Roger Foscolombe, Conde de Saint-Exupéry, de há muito já afirmava a liberdade de amar: Não lhe direi as razões que tens para me amar, pois elas não existem. A razão do amor é o amor.

Nesse mundo repleto de alternativas para que as pessoas se encontrem, o homem poderia celebrar, diariamente, o dia internacional do amor e não apenas em 14 de fevereiro, dia de São Valentim.

Sempre haverá datas para celebrar o amor e, como brasileiro, eu escolheria celebrar o Dia do Amor em 25 de abril, que em Portugal corresponde, curiosamente, a outra celebração: o Dia da Liberdade!

E se o homem não quiser amar os seus semelhantes num dia em especial, ou em qualquer dia, que ao menos permita, aceite, tolere, que eles se amem, ainda que esse amor se de entre pessoas do mesmo sexo, de diferentes idades, de credos distintos, etnias diversas, etc.


Alfeu Dipp Muratt
Faraco Azevedo e Muratt - Advocacia Empresarial
Contato: (51) 3212.8283 - muratt@faracoempresarial.com.br
Assessor Jurídico do SIPARGS