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Trigo pode baratear rações de frangos e suínos
30/11/2020

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A utilização do trigo como alternativa ao milho nas rações para animais de corte, como frangos e suínos, ainda não é uma prática forte entre as agroindústrias, mesmo com a escassez de milho e o preço do grão acima dos R$ 70,00 a saca. Há um movimento para que a substituição se consolide nos próximos anos, com o desenvolvimento de cultivares de trigo destinadas à alimentação animal e o incentivo ao plantio de outros cereais de inverno, entre eles a cevada e o triticale.

A pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves, Teresinha Marisa Bertol, explica que estudos comprovaram que o uso do trigo nas rações é nutricionalmente viável, podendo substituir no caso dos frangos até 35% do milho e no dos suínos em até 100%. "Somente no Paraná e em Santa Catarina, o déficit anual de milho chega a sete milhões de toneladas, o que aponta o trigo como uma saída para baratear as rações", afirma Teresinha. Ela esclarece que na ração animal o milho representa a parte energética do alimento, enquanto que a soja compõe a proteína.

Em 2019, a indústria de rações movimentou R$ 80 bilhões em ingredientes, produzindo 74,3 milhões de toneladas de alimentos. Deste total, 32,9 milhões de toneladas foram para a criação de frangos de corte e 17,7 milhões de toneladas para a suinocultura. O vice-presidente executivo do Sindicato Nacional das Indústrias de Alimentação Animal (Sindirações), Ariovaldo Zani, pondera que só vale a pena incluir o trigo nas rações animais se este apresentar custo inferior ao do milho. "O trigo requer a combinação de gordura para ter o mesmo valor nutricional do milho", destaca Zani, ao lembrar que em 2020 o incremento no preço dos óleos vegetais não compensaria a alteração. O dirigente acrescenta que a alta nas commodities impactou entre 70 e 90% no custo das rações .

"Estamos trabalhando para aumentar a adição de trigo nas rações, mas, por enquanto, no Rio Grande do Sul, esta prática não é significativa", garante o presidente executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos. De acordo com Santos, o preço atual do milho levou o setor avícola ao limite. "Estamos produzindo 10% menos e se a especulação em torno do grão não diminuir não descartamos a adoção de férias coletivas e outras medidas de contenção", completa.

Fonte: Correio do Povo